A Venezuela adentra a fase final de sua campanha eleitoral presidencial com as atenções voltadas para a votação marcada para o fim do mês. Analistas apontam que o atual presidente Nicolás Maduro, que busca um terceiro mandato, pode estar em uma posição desfavorável nas pesquisas.

Táticas Opressivas e Desafios para a Oposição

Nos últimos meses, ativistas da oposição têm constantemente acusado Maduro de utilizar táticas repressivas, incluindo a prisão de membros oposicionistas. O presidente socialista, que se encontra em busca de mais seis anos no poder, afirmou recentemente ter concordado em reiniciar negociações com os Estados Unidos, embora autoridades locais não tenham confirmado essa informação.

O período que precedeu o início oficial da campanha, em 4 de julho, foi marcado por eventos atípicos. Apesar de um tribunal ter proibido Maria Corina Machado, líder da oposição, de concorrer, a oposição conseguiu manter uma liderança substancial nas pesquisas, transferindo seu apoio para Edmundo Gonzalez, um ex-diplomata pouco conhecido. A campanha eleitoral termina oficialmente no dia 25 de julho, apenas três dias antes das eleições.

Estratégias de Campanha e Obstáculos Financeiros

Com recursos limitados e sem acesso à mídia estatal, a oposição teve que se adaptar, utilizando principalmente as mídias sociais e o boca a boca para fazer campanha. Mesmo enfrentando essas adversidades, Maria Corina Machado conseguiu chamar a atenção ao realizar comícios em várias cidades, frequentemente acompanhada por centenas de motociclistas. Esta tática se mostrou tão eficaz que o próprio Maduro começou a realizar eventos semelhantes, apoiado por equipes de dublês em motocicletas.

O Clima Econômico e a Popularidade de Gonzalez

Com muitos venezuelanos insatisfeitos com a queda nos padrões de vida e a estagnação do salário mínimo, as pesquisas mostram Edmundo Gonzalez com uma vantagem de cerca de 20 pontos sobre Maduro. John Magdaleno, cientista político e diretor do grupo de consultoria Polity, comentou: "Nunca antes a oposição teve tamanha diferença em uma eleição presidencial."

No entanto, pairam dúvidas sobre a integridade da votação marcada para 28 de julho. O governo revogou o convite aos observadores eleitorais da União Europeia, levantando preocupações sobre a confiabilidade do processo eleitoral.

Apelo aos Militares e Estratégias de Gastos

Em um lampejo de esperança, a oposição tem apelado aos militares para que protejam as instituições do país. Diferentemente das eleições de 2013, quando o Partido Socialista de Maduro gastou milhões em mercadorias e espetáculos musicais para mobilizar seus apoiadores, este ano, o partido tem gastado menos. Analistas sugerem que essa redução de gastos faz parte de um esforço de austeridade, destinado a destacar a luta do partido contra a inflação crescente, o que também ajudou a nivelar o campo de jogo com a oposição.

Enquanto a Venezuela se prepara para essa crucial eleição presidencial, a tensão e a incerteza permeiam o ambiente político, com muitos observadores atentos ao desenrolar dos próximos eventos.