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Uso de Cannabis Aumenta Casos de Psicose nos EUA

Médicos alertam para os perigos de consumo intenso de maconha com alta concentração de THC.

Por Redação com Folha de São Paulo 09/10/2024 16h04
Uso de Cannabis Aumenta Casos de Psicose nos EUA
Foto: Sony Figueroa / NYT

Com a legalização da maconha avançando em diversos estados dos Estados Unidos, médicos de diferentes especialidades estão alarmados com os efeitos nocivos do uso excessivo da droga. Uma indústria que movimenta US$ 33 bilhões produz cannabis muito mais potente do que há décadas, e os resultados preocupam: casos de psicose, delírios, paranoia e uma condição grave de vômito induzido pela droga, antes raros, estão se tornando comuns em hospitais pelo país.

Em meio à explosão de uso de cannabis, uma pediatra no estado do Maine relata o impacto nas gerações mais jovens. "Atendo adolescentes tão dependentes que consomem a droga praticamente o dia todo, todos os dias — uma quantidade assustadoramente grande", diz. Este relato é apenas um exemplo das consequências vistas em outros estados, como Washington e Virgínia Ocidental, onde psiquiatras enfrentam o aumento de pacientes com transtornos psicóticos desencadeados pelo uso de cannabis.

O fenômeno que mais preocupa os médicos é a chamada síndrome de hiperemese canabinoide (CHS), que provoca episódios graves de náusea e vômito. "Nos hospitais, casos de CHS passaram de raros para diários", afirma Lennon Heard, médico de emergência do University of Colorado Hospital. "Começamos a ver isso repetidamente." Estudos indicam que até um terço dos usuários diários da droga podem sofrer dessa condição.

Jennifer Macaluso, cabeleireira de Elgin, Illinois, compartilha sua experiência com o transtorno: "A princípio, a cannabis me ajudou com enxaquecas, mas logo comecei a ter vômitos debilitantes". Macaluso foi diagnosticada com CHS após consultar diversos médicos. "Se eu soubesse que isso poderia acontecer, teria parado muito antes", desabafa.

Outro efeito devastador relatado é o aumento nos casos de transtornos psicóticos crônicos, como a esquizofrenia, associados ao uso contínuo de maconha. A psiquiatra Lauren Moran, do Hospital McLean, em Massachusetts, observa que muitos pacientes chegam a seu consultório sem saber dos riscos. "A maconha pode ser benigna para alguns, mas o fato de estarem aqui mostra que para eles, não é", alerta.

O National Institute on Drug Abuse estima que aproximadamente 18 milhões de americanos adultos relatem sintomas de transtorno por uso de cannabis. "Isso significa que milhões continuam usando a droga, mesmo com efeitos negativos evidentes em suas vidas", afirma Wilson Compton, diretor adjunto do instituto.

Apesar dos avanços na legalização, médicos e pesquisadores pedem regulamentação mais rigorosa e maior conscientização pública. Muitos estados falham em limitar os níveis de THC, componente que provoca os efeitos psicoativos da planta, e poucos exigem que os produtos de cannabis tragam advertências sobre os riscos à saúde.

"Não há outro 'remédio' na história de nosso país em que seu médico diga: 'Experimente e me diga o que acontece'", critica Carrie Bearden, neurocientista da UCLA, ressaltando a falta de controle e conhecimento sobre os efeitos da cannabis.

Com a crescente comercialização e consumo, a mensagem dos especialistas é clara: embora a maconha tenha benefícios para alguns pacientes, seu uso descontrolado e sua potência elevada apresentam riscos sérios, e os consumidores precisam estar cientes desses perigos. "As pessoas precisam ser avisadas", conclui Jennifer Macaluso.

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