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Mulher vista com sem-teto em carro no DF diz: 'Eu não traí meu marido'

Sandra Mara Fernandes foi flagrada pelo marido fazendo sexo dentro do carro com morador de rua

Por Redação com UOL 29/04/2022 09h09 - Atualizado em 29/04/2022 09h09
Mulher vista com sem-teto em carro no DF diz: 'Eu não traí meu marido'
Casal e sem-tetos envolvidos em caso que virou polênica no Brasil - Foto: Instagram e You Tube

Sandra Mara Fernandes, a mulher que foi flagrada pelo marido personal trainer dentro de um carro com um homem em situação de rua em Planaltina (DF), diz que está sendo submetida a um tratamento para controlar um transtorno afetivo bipolar e que vem lidando com o que considerou uma "humilhação pública" desde que o caso virou de conhecimento generalizado, no mês passado. Ainda enfrentando críticas e ofensas nas redes sociais, ela afirma que não traiu Eduardo Alves, 31, e que, durante um surto, acreditou que o sem-teto fosse o seu companheiro. As declarações são de entrevista ao SBT Brasília, veiculada hoje. 

"Eu nem acreditei que taxaram meu marido como corno nessa situação. Não entenderam o lado dele e também não entendem por que ele me defendeu tanto", disse Sandra. 

Disseram que seria mais fácil ele me abandonar. Que mundo é esse em que abandonar uma esposa comprovadamente doente é mais fácil? Por que não aceitam que estou doente? Por que atacaram tanto ele? O Eduardo não tem que me aceitar, ele tem que me apoiar porque em sã consciência eu jamais teria feito o que eu fiz. 

"Dilacerada" 

Sandra diz que está sendo julgada como adúltera e que se sente "dilacerada" pelo modo como a sociedade tratou a história, mas que, no momento em que tudo aconteceu, estaria fora de si — e defende a reação do marido no momento em que a viu no carro, classificando o ato como de proteção. "Ele não é violento", afirmou.   

Quanto às declarações do homem em situação de rua Givaldo de Souza, 48, a comerciante afirma que teve que procurar ajuda na Justiça para que ele parasse de falar dela. "Era muita difamação. Essa pode ser a verdade dele, mas eu não aceito que ele acabe com a minha moral. Não vou aceitar mais que abram a boca para me atacar. Eu não sou essa personagem que criaram. Não vou mais me calar". 

Antes do ocorrido, Sandra atuava no ramo de roupas em Brasília, onde vive há 12 anos, depois que se mudou de Minas Gerais. Ela diz ter chegado à capital federal em busca de uma qualidade de vida melhor, de oportunidades de trabalho e já ter trabalhado como empregada doméstica, recepcionista e funcionária de salão de beleza. 

Com a repercussão do caso, hoje teve que abrir mão da loja de roupas que mantinha e as dívidas se acumularam, mas considera que seria muito difícil manter o negócio aberto por conta da curiosidade das pessoas.  

"Eu não esperava isso. Imagine se eu estivesse lá, atendendo pessoalmente? Com certeza isso poderia ser um gatilho para eu ter uma crise novamente. Me explicaram isso enquanto eu estava internada. Que eu teria que prestar atenção em gatilhos do que poderia gerar uma nova crise. As pessoas não entendem a gravidade desse transtorno. Eu mesma não conhecia". 

Tratamento prolongado 

Para controlar os picos de euforia e depressão, Sandra conta que iniciou um tratamento com remédios, com acompanhamento médico, que irá durar a vida toda. "Eu fui diagnosticada com transtorno afetivo bipolar, confirmado por laudo médico. Que, no meu caso, foi de uma euforia muito grande que chegou ao surto psicótico, porque pode chegar nesse nível". 

Entre os efeitos colaterais do tratamento, ela cita uma sonolência excessiva e tremores. "Não consigo ficar muito eufórica e também nem ficar muito triste. Ele (o remédio) estabiliza o seu humor. É o que eu sinto hoje". Sandra disse que, enquanto estava internada no hospital, não tinha dimensão do que acontecia nas redes sociais. Ela disse que levou 15 dias para começar a entender o que tinha passado e que não tinha ideia do quão sério seu caso ficou. 

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