O deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) prestou depoimento à Polícia Federal nesta quinta-feira (13) no inquérito que investiga desvios no chamado "Orçamento Secreto" da Câmara dos Deputados. Durante o depoimento, Braga responsabilizou o ex-presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), pela falta de transparência no uso das emendas parlamentares e por ter liderado um esquema de corrupção que teria desviado milhões de reais.

Segundo o parlamentar, o episódio de manipulação orçamentária ocorreu no final de 2023, quando Lira cancelou as reuniões das Comissões sob a justificativa de priorizar a pauta do plenário. Braga também destacou a destinação de recursos à Prefeitura de Rio Largo (AL), durante a gestão do ex-prefeito Gilberto Gonçalves.

“Vou dar um exemplo de objetivo: o município de Rio Largo, em Alagoas. O ex-prefeito, que terminou o mandato recentemente, foi preso em 2007, 2010, 2014 e 2022 por corrupção. Ele respondeu a mais um processo no Ministério Público do Estado”, afirmou.

O deputado citou ainda a operação "Beco da Pecúnia", que teria demonstrado um esquema de desvio de recursos envolvendo saques frequentes e repasses irregulares a assessores do ex-prefeito. "Foram 90 milhões de reais. O dinheiro saiu de Brasília, ia para o município, duas empresas foram contratadas e retiraram valores na boca da caixa. Mais de 200 saques foram feitos, e o dinheiro chegou diretamente ao prefeito", declarou.

Ao comentar a gestão da Câmara sob Hugo Motta (Republicanos-PB), Braga expressou esperança de que a nova presidência adote medidas de transparência para evitar desvios. “Espero que Arthur Lira seja devidamente responsabilizado e que o atual presidente compreenda que essa estrutura de poder, baseada na captura irregular do orçamento público, não pode continuar”, concluiu.