O papa Leão XIV se reuniu, nesta segunda-feira (20), pela primeira vez com sobreviventes de abuso sexual cometido por membros do clero católico. O encontro ocorre dias após a Comissão de Proteção à Criança do Vaticano divulgar um relatório crítico, apontando lentidão da Igreja em agir diante das denúncias.

A reunião aconteceu com representantes da Ending Clergy Abuse, uma coalizão internacional formada por vítimas e ativistas. Segundo os participantes, a conversa durou cerca de uma hora e foi descrita como um “momento significativo de diálogo”.

A Igreja Católica, com cerca de 1,4 bilhão de fiéis em todo o mundo, enfrenta há décadas uma série de escândalos relacionados a abusos sexuais cometidos por padres, além de sucessivos casos de acobertamento por parte da hierarquia. As denúncias afetaram a credibilidade da instituição e resultaram em indenizações milionárias.

No relatório divulgado na última quinta-feira (16), a Comissão de Proteção à Criança criticou duramente a conduta de bispos, acusando-os de não fornecerem retorno às vítimas sobre o andamento das investigações e de não aplicarem sanções adequadas aos membros do clero envolvidos ou coniventes com os crimes.

A canadense Gemma Hickey, uma das sobreviventes presentes no encontro com Leão XIV, relatou que o papa demonstrou escuta atenta. “O papa Leão é muito afetuoso, ele ouviu”, afirmou. “Dissemos a ele que viemos como construtores de pontes, prontos para caminhar juntos em direção à verdade, à justiça e à cura.”

Apesar do gesto, organizações de vítimas seguem cobrando da Igreja respostas mais rápidas, transparentes e efetivas diante dos casos de abuso e da impunidade histórica.