Alagoas

Recuperação

Igreja histórica de Bebedouro recebe intervenção para preservar azulejaria portuguesa

Equipe especializada atua para manter características originais da fachada.

Por Redação com Assessoria 18/04/2024 16h04
Igreja histórica de Bebedouro recebe intervenção para preservar azulejaria portuguesa
Foto: Cortesia

A Igreja Santo Antônio de Pádua, localizada no bairro de Bebedouro, está passando por intervenções para preservar suas características originais, o que inclui o revestimento em azulejo português na fachada. A manutenção preventiva foi recomendada por consultoria contratada pela Petroquímica Braskem para monitorar e preservar imóveis identificados como de valor histórico pelo Município em áreas de desocupação estabelecidas pela Defesa Civil de Maceió, após os incidentes provocados pela exploração das minas de Sal-gema.

A intervenção é realizada por uma equipe de especialistas que já trabalhou em locais como a Igreja dos Martírios e a Catedral Metropolitana de Maceió, além do Claustro da Igreja de São Francisco, em Salvador (BA), que possui o segundo maior conjunto de azulejos portugueses do mundo. Todo o trabalho segue as leis de preservação do patrimônio e é supervisionado por órgãos públicos competentes.

Estácio Fernandes, restaurador conservador e consultor do projeto, destacou que os azulejos portugueses encontrados em Alagoas datam do século 19, período em que o Brasil recebeu grande quantidade de azulejaria após firmar tratado comercial com Portugal. “Em Maceió, esses azulejos foram amplamente usados em torres, cúpulas e fachadas de igrejas, além de ornamentos de paredes feitos com fragmentos de materiais como cerâmicas e conchas”, disse.

Fernandes enfatizou a importância de entender o azulejo não apenas como uma manifestação artística, mas também como um elemento cultural que reflete as circunstâncias políticas, sociais e econômicas da época. A azulejaria da Igreja Santo Antônio de Pádua é feita com estampídia, técnica rara que envolve o uso de um molde para aplicar o desenho antes de assar a peça no forno. “É um padrão incomum, difícil de encontrar na Bahia, por exemplo, o que destaca a importância de sua recuperação”, disse Fernandes.

A manutenção preventiva da azulejaria é feita manualmente em diferentes etapas, incluindo testes de aderência, testes físicos e químicos, dessalinização, tratamento contra fungos, higienização, recuperação da pintura e, se necessário, restauração de peças. O processo é finalizado com a aplicação de uma camada de verniz para proteger o revestimento. Os serviços devem ser concluídos até junho.

De capela a matriz


Além da preservação da azulejaria, historiadores e arquitetos contratados pela empresa estão elaborando um dossiê histórico sobre a Igreja Santo Antônio de Pádua. Uma publicação de 1928, na Revista do Instituto Arqueológico e Geográfico Alagoano, indica que a história da igreja começou por volta de 1816, quando o português Antônio Maria Aguiar ergueu uma capela simples em terras próprias.

O historiador João Lemos, no livro "Bebedouro: comunidade de história e fé", informa que o comendador Jacinto Nunes Leite adquiriu a área da capela e, com o crescimento do povoado, decidiu construir uma igreja entre 1870 e 1873, incluindo azulejos trazidos da Europa para ornamentar a fachada.

Em 1913, a igreja tornou-se a Matriz da Paróquia de Bebedouro, assumindo programas assistenciais, celebrações religiosas e festividades.

Compensação aos cidadãos

A preservação do patrimônio histórico das áreas de desocupação, cultura e manifestações culturais está prevista no Termo de Acordo Socioambiental firmado em dezembro de 2020 entre a Braskem e o Ministério Público Federal, com participação do Ministério Público do Estado de Alagoas e adesão do Município. O compromisso com Maceió e seus moradores também foi reafirmado pela petroquímica.

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