Tic Tac Tic Tac / Por Enio Lins

* Este texto não reflete necessariamente a opinião do Em Tempo Notícias

A política não para e, quase sempre, estoura

Coluna estreou no site nesta quarta (20) e faz parte da publicação diária do jornal impresso Tribuna Independente

Por Enio Lins 20/07/2022 11h11 - Atualizado em 20/07/2022 22h10
A política não para e, quase sempre, estoura

Trovejou e relampejou e a candidatura Paulo Dantas não mais voa em céu de brigadeiro. Conforme muita gente já disse, a aparição de Fernando Collor assombra o cenário para a sucessão no Palácio República dos Palmares.

Paulo Dantas segue favorito, isso não mudou – nem muda de uma hora para outra, pois sua base é duplamente sólida. No geral, toda candidatura à reeleição tem vantagem pela posse da caneta. No específico, Dantas – além dos atributos pessoais – se apoia num acervo impressionante de realizações feitas no duplo mandato de Renan Filho. Em tese, essas duas pedras angulares garantiriam qualquer nome, isso sem falar num terceiro benefício: apoio fechado da maioria da Assembleia Legislativa e mui especialmente o empenho do deputado Marcelo Victor, presidente da ALE.

O que mudou? Até pouco, a disputa principal seria entre as forças alinhadas com Renan Filho & Renan Calheiros e as tropas enfileiradas ao lado de Arthur Lira & Bolsonaro, correndo por fora Rui Palmeira. Ao entrar em campo, o ex-presidente já chegou empatando tecnicamente com Dantas, que está com o nome posto desde abril. Pelos números da Pajuçara/Paraná Pesquisa, no começo de julho, Dantas teria 24,9% e Collor 22,8%. Rodrigo 17,5% e Rui 15,1% - outro empate técnico.

Caso a eleição fosse hoje, diz a enquete Pajuçara/Paraná, Collor perderia num segundo turno para qualquer um dos três: ou Dantas (41,7% x 34,7%), ou Cunha (41,3% x 34,2%), ou Palmeira (39,3% x 35,5%). A rejeição alta do ex-presidente, na faixa dos 45,2%, é o alento dos adversários. Mas pesquisa não ganha eleição antes da hora, serve para orientar ajustes de rumo, revisões de planos de voo. Pesquisa serve também para iludir quem quer se iludir. No caso, precisa ser notado que Collor, há muito, já bateu a cabeça no teto de rejeição e daqui pra frente a candidatura dele só tem a ganhar.

Há quem ache Collor o “melhor candidato” para ser enfrentado no segundo turno. Sei não. Acho um engano esse raciocínio. Olhando direitinho, enxergo o senador do PTB hoje mais perto da cadeira de governador que o deputado federal do PMDB em julho de 1986.


NOTAS



** De volta ao batente jornalístico, agradeço à Tribuna pelo acolhimento. Repete-se o acontecido em 1979, naquela época com os desenhos, agora com textos.


** Em tempo, agradeço igualmente ao Extra, que passou a abrigar semanalmente meus calungas desde maio.


** Ao mestre e amigo Zé Elias, meu eterno tributo pela iniciação à ciência de escrever uma coluna diária, mister que sigo aprendendo.


** Para começar, digo que meu voto para presidente será destinado para libertar o Brasil da praga que envergonha a faixa presidencial desde janeiro de 2018.


** Mas não hesitarei em reconhecer aqui algo de positivo que, de verdade, o falso messias venha a fazer.


** Não é que o pau está quebrando, mais do que o esperado, pelas cadeiras na Câmara Federal?


** Os desacordos, somados às novas normas eleitorais tornou confusos os caminhos para Brasília.


** Falando em Brasília, Renan Filho segue como franco favorito para o Senado, cravando 48,3% na Pajuçara/Paraná.


** Mas o “já-ganhou” é um perigo que não pode ser menosprezado.


** E na corrida para a Assembleia Legislativa o quadro continua inalterado, sem surpresas: será muito difícil entrar alguém que já não esteja lá...


** O favoritismo, mais franco em 2022 que nas eleições anteriores, é para quem ocupa agora uma das cadeiras da Casa Tavares Bastos.


** A escolha pela Assembleia de um governador para chamar de seu proporciona um reforço importantíssimo para as suas reeleições.


HOJE NA HISTÓRIA


Machado de Assis é o segundo sentado e Guimarães Passos é o oitavo em , contando da sua esquerda para a direita

20 DE JULHO 1897 – Machado de Assis lidera a fundação da Academia Brasileira de Letras, reproduzindo o modelo da famosa entidade francesa criada em 1635 por Richelieu. Como a associação parisiense, a versão machadiana também é composta por 40 integrantes, chamados de “imortais” e cada cadeira tem um patrono e um fundador. Alagoas está imortalizada na ABL nesse início histórico, pois o poeta Guimarães Passos (Maceió, 1867 – Paris/França, 1909) é o fundador da Cadeira 26 (cujo patrono é Laurindo Rebelo) e, naturalmente, a primeira pessoa a ocupá-la. Por sua vez, o escritor e jornalista Aureliano Cândido Tavares Bastos (Marechal Deodoro, 1839 – Nice/França, 1875) foi escolhido como o patrono da Cadeira 35, que teve Rodrigo Otávio como fundador e primeiro ocupante. As mulheres só conseguiram ganhar espaço na ABL em 1977, com a eleição de Rachel de Queiroz. Machado de Assis e José do Patrocínio, entretanto, garantiram a representação negra – desculpem, fui educado antanho pelo Movimento Negro para usar essa palavra – no ato de fundação.

**Este texto não reflete, necessariamene, a opnião do ETN (emtemponoticias.com)