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Químicas capilares em crianças podem causar queimadura do couro cabeludo

Tinturas e alisamentos são desaconselhados por especialistas

Por Redação 07/10/2022 16h04 - Atualizado em 07/10/2022 16h04
Químicas capilares em crianças podem causar queimadura do couro cabeludo

Em outubro, duas datas agitam a criançada: o Dia das Crianças e o Dia das Bruxas (o famoso Halloween). São momentos em que os pequenos costumam pedir aos pais para pintarem os cabelos ou, ainda, radicalizarem no visual, até mesmo os descolorindo completamente. 

"Existe um risco enorme de as crianças desenvolverem processos alérgicos graves pelo uso de tinturas, que são indicadas para adultos - e, mesmo assim, apenas após o realizarem o teste de tolerância ao produto. As crianças são muito mais sensíveis e não podem usar o mesmo produto", alerta o médico e tricologista Dr. Luciano Barsanti, presidente da Sociedade Brasileira de Tricologia - SBTri.


Em relação aos alisamentos, Dr. Barsanti é ainda mais cauteloso, porque esses produtos são totalmente inadequados para serem usados em crianças. “Cresce a cada dia o número de crianças e adolescentes com queimaduras no couro cabeludo; alergias severas na cabeça, rosto, pescoço e colo e problemas respiratórios causados por produtos de alisamento capilar, os mais utilizados nesta faixa etária”, alerta o presidente da Sociedade Brasileira de Tricologia.

Escovas progressivas – mesmo aquelas sem formol – e alisantes são prejudiciais à saúde das crianças e adolescentes. “Os pais devem entender que o organismo das crianças ainda está em formação e não é tudo o que o adulto usa que se pode adaptar às crianças. Mesmo produtos que se vendem como permitidos para crianças podem causar danos, inclusive permanentes, de queda capilar e doenças no couro cabeludo”, diz ele.

Ele ressalta que atende em consultório, diariamente, cerca de três crianças com problemas decorrentes de alisamentos. "Para encontrar o melhor tratamento, são feitos exames clínicos e tricológicos. A partir do escaneamento de couro cabeludo, um exame indolor que aumenta até 30 mil vezes o couro cabeludo, conseguimos visualizar com perfeição o bulbo e fazer um diagnóstico preciso. Exames laboratoriais a critério do médico especialista também são muito importantes", explica.

Para o especialista, aos primeiros sinais de queda de cabelo, é importante buscar por um especialista, sem que haja a automedicação. Muitas vezes, o atendimento a uma criança com alopecia dependerá de uma equipe multidisciplinar, composta pelo médico e tricologista e também por psicólogo, psiquiatra, endocrinologista, gastro e outras especialidades.

E como contemplar as necessidades de embelezamento das crianças?


Segundo o médico e tricologista, já passou da hora de a aceitação de todos os tipos de cabelos fazer parte das agendas de discussões familiares, educacionais e sociais. “Todos os cabelos são bonitos, exatamente como nascem e crescem. A discriminação por causa do cabelo deve ter um fim, porque a estereotipia não faz bem, especialmente ao brasileiro, povo miscigenado e que tem os mais variados tipos de cabelos”, ensina Dr. Barsanti.

Aos pais, ele aconselha que usem apenas produtos dermatologicamente testados em crianças, a exemplo de shampoos, condicionadores e cremes para pentear infantis. “Essas linhas são mais suaves e são hipoalergênicos”, ensina.

Usar acessórios coloridos e investir em penteados com pouca tração também pode fazer com que os pequenos aprendam a gostar dos próprios cabelos, aumentando a autoestima deles. “Quando os pais se referem aos cabelos dos filhos com orgulho, amor e admiração legítimos, a chance de eles aceitarem os fios como eles são é muito grande. Mas, quando os próprios pais se impõem um padrão de beleza irreal, afetam a autoestima das crianças”, orienta Dr. Barsanti.

Já os procedimentos de alisamento devem ser de uso exclusivo dos adultos, caso eles queiram. “Há produtos tão fortes que destroem até mesmo o couro cabeludo dos adultos. É perigosíssimo usá-los em crianças”.

O médico e tricologista completa fazendo um apelo às famílias. “A situação é séria e precisamos mudar nosso olhar diante do outro. Aceitar que não existe um único padrão de beleza, nos livrar dos preconceitos e parar de emitir comentários preconceituosos sobre os cabelos das pessoas é o primeiro passo para que crianças deixem de sofrer”, finaliza.