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Gatilhos psicológicos estão cada vez mais ligados a pedidos de demissão

Somente em agosto deste ano, das 11.722 demissões registradas pelo Caged, 3.169 foram solicitadas pelos colaboradores

Por Redação 11/10/2022 09h09
Gatilhos psicológicos estão cada vez mais ligados a pedidos de demissão

Em 10 de outubro foi celebrado o Dia Mundial da Saúde Mental, dia que serve de alerta para a necessidade de cuidarmos de todos os aspectos mentais que podem impactar em todas as áreas de nossa vida: família, trabalho, relacionamentos sociais e afetivos, saúde física e a relação que temos com nós mesmos.

Um fator que tem chamado a atenção neste retorno das atividades econômicas após o isolamento social em função da pandemia da Covid-19 é a quantidade de pedidos de demissão feitos pelos colaboradores das empresas. Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) mostram que, em agosto, do total de 1.77 milhão de demissões no mercado formal, 632,8 mil foram voluntárias, ou seja, a pedido do trabalhador. Em Alagoas, foram 11.722 demissões em agosto, 3.169 delas solicitadas pelos colaboradores. Nos últimos 12 meses, foram 149.412 mil demissões em Alagoas, 31.259 a pedido.

O que estes números têm a ver com a saúde mental? De acordo com a coordenadora do curso de Psicologia do Centro Universitário Tiradentes (Unit/AL), Karolline Helcias, as reações extremas de comportamento, impulsionada por gatilhos psicológicos, estão cada vez mais ligadas a pedidos de demissão. Essas situações consideradas impulsivas são mais comuns do que se imagina no universo do trabalho, mas, segundo especialistas, escondem insatisfações de longa data com o ambiente corporativo.

“Muitas pessoas estão desenvolvendo atividades laborais com as quais não se identificam e encaram como um simples trabalho, um emprego onde visam somente a renda. Neste quadro, é bastante comum o desgaste com maior frequência e, com o tempo, a pessoa cria coragem, a partir do momento em que encontra uma atividade com a qual se identifica, para então abrir mão daquele emprego com o qual não se identifica e partir para um novo desafio”, analisa a psicóloga.

Situações como essa também acendem sinais de alerta em relação ao ambiente de trabalho. Falhas que envolvem desrespeito às normas de segurança e saúde no trabalho, más condições e exploração, além de chefes abusivos.

“É muito comum a gente ver pessoas que deixam o emprego onde já tinham uma longa carreira em grandes empresas e partem para abrir o próprio negócio. Isso se deve a essa busca que se tornou mais evidente hoje por satisfação pessoal, de uma melhor saúde mental, e esses motivos podem estar entre os gatilhos para que as pessoas esqueçam essa racionalidade de pensar somente no dinheiro, partindo para investir em algo que a pessoa realmente quer fazer, coisas que trazem felicidade, motivação e mudança no estilo de vida”, enfatizou a professora