TÁ NA BULA

* Este texto não reflete necessariamente a opinião do Em Tempo Notícias

Câncer de boca é mais prevalente em homens acima dos 45 anos

Consultas odontológicas periódicas podem identificar a doença precocemente, ampliando chances de sucesso no tratamento

Por Redação 04/11/2022 15h03
Câncer de boca é mais prevalente em homens acima dos 45 anos

O foco das campanhas do Novembro Azul diz respeito à saúde do homem. Embora se dê bastante visibilidade para os riscos, prevenção e detecção precoce do câncer de próstata, o tumor maligno de boca (também conhecido como câncer de lábio e cavidade oral) é outra doença que merece atenção, especialmente entre os homens, que são os mais acometidos. O alerta é do cirurgião-dentista e professor do curso de Odontologia do Centro Universitário Tiradentes (Unit/AL) Luiz Arthur Barbosa.

“O câncer de boca é mais prevalente em homens, principalmente a partir dos 45 anos, tabagistas e etilistas de longa data. Outro fator importante é que também vem sendo observado o aumento do número de casos de câncer de boca em pacientes jovens, não tabagistas e não etilistas, ou seja, aqueles pacientes que não são expostos aos fatores de risco mais fortemente associados à doença, e ainda não conseguimos identificar o que vem causando o câncer neste tipo de paciente”, assinala o especialista.

Ele destaca que o câncer de boca pode afetar qualquer área da mucosa oral, porém é mais comum na borda lateral da língua e assoalho de boca, principalmente para os pacientes que são tabagistas e etilistas crônicos, e lábio inferior nos pacientes que se expõem à radiação ultravioleta do sol de forma desprotegida ao longo de vários anos da vida.

O Instituto Nacional de Câncer (Inca) estima que o Brasil tenha mais de 15 mil casos novos da doença até o final de 2022. Só em 2020, o instituto constatou que mais de 70% dos diagnosticados eram de pacientes do sexo masculino. Como é um câncer que não é muito comentado, muitas pessoas têm as mais diversas dúvidas, o que pode colaborar com o diagnóstico tardio e em estágio avançado.

No início é comum o paciente não identifica a lesão porque ela vai aparecer como uma úlcera assintomática que não atrapalha durante as atividades diárias (como fala e mastigação) porém, qualquer alteração de coloração da mucosa, áreas mais esbranquiçadas ou mais avermelhadas, aumento de volume, endurecimento na região da mucosa oral, feridas, úlceras que cicatrizam com mais de 15 dias, o paciente deve ficar alerta e buscar um cirurgião-dentista para que a lesão ou alteração seja investigada.

“O diagnóstico do câncer de cavidade oral é feito a partir da realização de uma biópsia. Vai ser removido um fragmento da lesão, esse fragmento será enviado ao laboratório de anatomia patológica para que, a partir de uma análise microscópica o patologista determine o diagnóstico da doença”, explica.

O cirurgião-dentista é o profissional que faz a identificação da lesão, realização da biópsia e, sendo confirmado o diagnóstico de câncer, o paciente é encaminhado para a equipe médica que fará o tratamento. Se houver necessidade de cirurgia é um cirurgião de cabeça e pescoço, se for realizar a radioterapia, o paciente é encaminhado ao radioterapeuta, e se for realizar quimioterapia ele será encaminhado a um oncologista.

O dentista também pode participar da preparação da boca do paciente para receber o tratamento oncológico, por isso é importante que ele passe por um tratamento odontológico completo para a remoção de focos de infecção, remoção de cálculo dentário [tártaros], remoção de restos de raízes, restaurações, tratamentos de canal, de preferência antes do início do tratamento oncológico.

Ele alerta que durante o tratamento oncológico, principalmente a quimioterapia e a radioterapia, podem trazer algumas sequelas para a cavidade oral do paciente, como mucosite, cáries de radiação e osteonecrose; então, o dentista vai atuar neste momento tentando revertê-las.

Além da equipe médica e odontológica, muitas vezes o paciente precisa de apoio psicológico, porque o câncer acaba trazendo sequelas emocionais e sociais não só para o paciente, mas para toda a família, Em algumas situações o paciente pode precisar também de fonoaudiólogo para melhorar a questão respiratória, de fala, alimentação e deglutição. A equipe de nutrição também pode ser solicitada para adequar a dieta do paciente de acordo com a necessidade após o tratamento oncológico.

O especialista afirma que é possível prevenir a doença evitando consumo de tabaco e álcool, ter uma dieta rica em vegetais e com uma gama ampla de nutrientes, aplicação de protetor solar no lábio inferior, especialmente para aquelas pessoas com pele muito clara, utilização de chapéu de aba longa, além de evitar a exposição nos horários de maior incidência de radiação ultravioleta do sol.