Tic Tac Tic Tac / Por Enio Lins

* Este texto não reflete necessariamente a opinião do Em Tempo Notícias

Quando a morte manda aviso, e não é ouvida

Por Enio Lins 24/02/2023 08h08
Quando a morte manda aviso, e não é ouvida

Acontecida na terça-feira de Carnaval, a chacina de Sinop nada teve a ver com os riscos carnavalescos. Deveu-se a motivação fútil e sem o “calor dos acontecimentos”. Dois indivíduos perderam uma aposta de sinuca e resolveram matar todo mundo na área.

A dupla assassina, formada por bolsonaristas-raiz, frequentadores de clubes de tiro, com postagens de suas qualidades bélicas naquela região de Mato Grosso, onde o atirador principal dava lições digitais, técnicas, de como acertar nos alvos.

Sinop deve seu nome à sigla da empresa que povoou a região, a Sociedade Imobiliária Nordeste do Paraná (na Turquia existe uma cidade milenar com denominação idêntica) e alvejou as urnas com 76,95 dos votos no número 22 para presidente em 2022.Flavio Dino, Ministro da Justiça, declarou: “foram mais sete homicídios brutais, mais um resultado trágico da política armamentista que levou à proliferação de ‘clubes de tiro’, supostamente destinados a ‘pessoas de bem’, com o alega a extrema-direita”.

Dino poderia ter sido mais direto, pois o responsável principal por esse estado de coisas tem nome e sobrenome: Jair Messias, meliante que usou da presidência da República para incentivar o culto às armas e à violência (justificadas como “defesa pessoal”).Jair Messias, como todo covarde, usa o armamentismo para compensar a masculinidade frágil, com o “pau-de-fogo” passando a ser o substituto da virilidade perdida ou nunca alcançada por meios naturais. Arma é o Viagra para a covardia endêmica.

Em suas falas canalhas, Jair Messias repete sem pejo como “grande realização” de sua gestão a multiplicação de Clubes de Tiro, com a abertura de um clube desses por dia, alcançando 2.061 unidades de CTs nos levantamentos feitos até maio de 2022.Covarde visceral, Jair Messias obviamente não inventou a covardia, nem o crime. Mas sua apologia às armas, sua jactância como “treinado para matar”, seu exemplo pessoal de impunidade absoluta frente até a planos terroristas, são incentivos diretos ao homicídio como método válido para reparações de todos os tipos.

Em Sinop, inclusive com uma vítima de apenas 12 anos entre as vidas perdidas, temos a repetição de um cenário pintado pela velha cultura do ódio, que encontrou na pregação do mito-fujão um canal privilegiado de estímulo a ações desse tipo.