O mito da maracutaia e seus rastros ostensivos
Cada dia surgem novas evidências, cada uma mais escancarada que a outra, sobre as vigarices do ex-capitão e seu apetite insaciável por dinheiro e bens valiosos, características essas multiplicadas quando de sua passagem pela faixa verde-amarela.
Na espiral de desmoralização, conforme reza a sua mitológica tradição, o coiso cuida de jair driblando a Lei, empurrando seus próprios malfeitos nas costas de auxiliares, tentando a impossível missão de escapar ileso no final das apurações.
Pesada está a conta no lombo de seus chumbetas, especialmente o microcoronel Cid. Mas tem mais gente da tal Ajudância de Ordens na mesma alaranjada situação. Uma das somas entre as movimentações suspeitas já aponta para R$ 11,9 milhões.
Segundo o COAF, ajudantes do falso messias (então na presidência da República) teriam movimentado inexplicáveis R$ 11,9 milhões em apenas 18 meses, entre janeiro de 2022 e maio de 2023 – aqui com o meliante já expulso do Planalto.
Esses números fazem parte dos levantamentos feitos pelo COAF, esquadrinhados por solicitação da CPI dos Atos Golpistas, e expõem “músicos” de uma banda marcial tocando partituras muito acima de seus talentos.
Só para conferir: o minicoronel Cid, cujo rendimento mensal seria da ordem de R$ 21,3 mil, movimentou cerca de R$ 6,7 milhões em um ano e meio (!). Pelo visto, existe algo ainda mais rentável que a subtração de rolexes e joias.
Outros cinco envolvidos, todos da famigerada ajudância do falso messias, recebem salários/soldos entre R$ 18 mil e R$ 4 mil. Coisa simples. Mas fizeram circular R$ 5,2 milhões no mesmo espaço de tempo. Todos acharam botijas?
Diz o G1: “segundo a documentação do Coaf, essas movimentações foram classificadas como ‘atípicas’ porque os montantes são incompatíveis com o patrimônio desses ajudantes presidenciais”. É, tão atípicas quanto as do Fernandinho Beira-Mar.
Nem o mito nem seu gado se pronunciam sobre isso. O mundo bolsoninion mergulha no mais profundo mutismo, embora circulem notícias que pensam em cancelar uma manifestação imaginada para o dia 7 de setembro.
É o estranho mundo do Jair, onde o cinismo, a desfaçatez e a mentira convivem com a mais verdadeira corrupção, com a mais escandalosa subtração de bens públicos. Tudo dentro do tom, do imbrochável tom verde-amarelo-patriótico.
HOJE NA HISTÓRIA
16 de agosto de 1792 – Robespierre apresenta à Assembleia Legislativa francesa uma petição criando o Tribunal Revolucionário, destinado a julgar os acusados por traição contra a Revolução Francesa. Essa instância de poder degeneraria no chamado Período do Terror – quando o uso desbragado da recém-inventada guilhotina chocaria o mundo.
Instituído no dia seguinte à sua proposição, o Tribunal Revolucionário foi abolido (pela primeira vez) em novembro do mesmo ano, quando do início do julgamento de Luís XVI, tendo enviado à lâmina, até então, 28 condenados. Mas, em maço de 1793, Danton, com apoio de Robespierre, propõe o retorno desse instrumento de exceção. A partir daí, o Terror se consolida como política de combate aos contrarrevolucionários.
Para encurtar a história, Danton e Robespierre também foram guilhotinados, entre as cerca de 42 mil pessoas condenadas a morte, tendo o Tribunal Revolucionário de Paris decretado 16% de todas essas sentenças capitais.
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