Flavio Gomes de Barros

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Boa parte do legado boêmio, cultural e político do Bar do Alípio se vai com a morte de Alipinho Barbosa

Por Flavio Gomes de Barros 21/02/2024 11h11
Boa parte do legado boêmio, cultural e político do Bar do Alípio se vai com a morte de Alipinho Barbosa

A sociedade alagoana está a lamentar o falecimento do médico Alípio Jorge de Aguiar Barbosa, que faleceu na noite desta segunda-feira, 20, em seu apartamento, em Maceió, aos 68 anos de idade.

Alipinho, como era conhecido, vinha há algum tempo enfrentando problemas de saúde, inclusive diabetes, e precisava de um transplante de pulmão, mas sempre adiava a cirurgia, apesar dos apelos da família e dos amigos.

Por muitos anos, ele dirigiu o Bar do Alípio, no Pontal da Barra, junto com seus irmãos Marcos, Rogério e Sérgio.


Deram continuidade ao trabalho iniciado pelo pai, Alípio Barbosa, que iniciou suas atividades nesse ramo atuando no restaurante do Motonáutica Lagoa Clube, que tinha como referência a bebida “Noa Noa”.

Durante muitos anos o Bar do Alípio, que na verdade também funcionava como restaurante, marcou época como reduto de boêmios e intelectuais e se transformou num ponto de encontro também da classe política.

Por lá transitaram praticamente todos os políticos alagoanos da época, inclusive alguns ilustres personagens da política brasileira. Era, na verdade, uma referência para quem fosse da atividade e visitasse Maceió, independentemente de perfil ideológico.

O Bar do Alípio foi palco também de memoráveis shows da MPB, em eventos organizados pelo produtor cultural Marcos Assunção, com apresentações de nomes como Baden Powell, Paulinho da Viola, João Nogueira, Quinteto Violado, Moraes Moreira, Leni Andrade, Oswaldo Montenegro, Francis Hime e vários outros personagens ilustres da nossa música.

Por um tempo, Alipinho e seus irmãos mantiveram a Barraca do Alípio, na orla de Ponta Verde, porém há alguns anos o grupo se desfez, os restaurantes foram desativados e os irmãos mudaram de ramo.

Alipio Jorge então, finalmente, resolveu atender à vontade do pai e decidiu exercer a Medicina, como clínico geral na cidade de Palmares, Pernambuco, passando a dividir seu domicílio com Maceió, onde sempre manteve um apartamento.

Como lembra o jornalista e historiador EdibertoTicianelli no seu portal “História de Alagoas”, o velho Alípio Barbosa não queria que o filho se dedicasse ao bar, mas sim à Medicina.

O próprio Alipinho relatou a Ticianelli, há alguns anos, sobre o pai:

“Ele queria que eu fosse médico e na sua concepção um médico nunca poderia ficar à frente de uma bodega”.

Alipinho Barbosa vai ser sepultado nesta quarta-feira, às 16 horas, no Parque das Flores, levando com ele boa parte da memória da boemia, da cultura e da política de Alagoas.