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Ramadã: O Mês Sagrado do Jejum e da Reflexão

Por Nana Jucá Rodas 28/03/2024 15h03
Ramadã: O Mês Sagrado do Jejum e da Reflexão

O Ramadã, nono mês do calendário lunar islâmico, no qual o profeta Maomé recebeu suas primeiras revelações é uma época sagrada e aguardada com grande reverência por muçulmanos em todo o planeta. Durante este período de vinte e oito dias, os seguidores do Islã participam de um jejum rigoroso do nascer ao pôr do sol, abstendo-se de alimentos e bebidas, fumo e relações sexuais durante todo o mês. No entanto, o Ramadã é mais do que uma abstinência física; é um período de profunda reflexão espiritual, oração intensificada, generosidade e modéstia.

A prática do jejum durante o Ramadã é um dos cinco pilares do Islã e é considerada uma obrigação para todos os muçulmanos adultos e saudáveis. Os outros quatro pilares são: fé (shahadah), oração (salah), caridade (zakah) e a peregrinação a Meca (hajj). Durante esse período, os fiéis dedicam-se a uma conexão espiritual mais profunda, buscando purificar suas almas e se aproximar de Allah. O jejum é considerado um exercício de autodisciplina e controle sobre os desejos mundanos, permitindo que se concentrem em analisar e evoluir nas suas ações consigo e com o próximo.

As refeições durante o Ramadã são momentos de festividade: o Iftar, marca o fim do jejum diário ao pôr do sol e o Suhoor acontece antes do nascer do sol, ambas são compartilhadas entre entes queridos em um ambiente de união e gratidão. Em Dubai e nos Emirados Árabes Unidos, assim como em muitos países de orientação muçulmana, uma ampla variedade de estabelecimentos, desde restaurantes simples ou renomados e hotéis, oferecem cardápios especialmente elaborados para os banquetes do Iftar e do Suhoor. É importante ressaltar que não apenas os fiéis, mas também não muçulmanos e turistas são calorosamente convidados a participar dessas experiências gastronômicas únicas.

Durante o Ramadã, além das cinco orações diárias voltadas para Meca, os muçulmanos intensificam as adorações com a Tarawih, oração voluntária, realizada após a última oração do dia, considerada uma oportunidade de aprofundar a devoção, a Tarawih é tida como uma das orações mais importantes dentro do islã.

A generosidade e a caridade também desempenham um papel significativo durante o mês sagrado, um momento de compartilhar as bênçãos de Allah com os menos afortunados. A Zakat al-Fitr, uma forma específica de caridade obrigatória, é uma prática comum no final do Ramadã, na qual os muçulmanos dão uma quantia ou alimentos para comunidades humildes e mais necessitados, garantindo que todos possam desfrutar das celebrações.

Falando em celebrações, o final do Ramadã é marcado pelo Eid al-Fitr, ou festival da quebra do jejum, uma das festas mais importantes no calendário islâmico. Esta é uma ocasião de grande alegria e comunhão, onde os muçulmanos se reúnem para orações especiais, compartilham refeições festivas e trocam presentes. É uma oportunidade de expressar gratidão a Allah pela força para completar o jejum e uma chance de fortalecer os laços da comunidade em um espírito de amor, solidariedade e compaixão.

O Ramadã, para mim, transcende a mera observação de uma prática religiosa; é um mergulho profundo na riqueza cultural e espiritual que permeia os países muçulmanos. Mesmo após dezesseis anos residindo em uma dessas nações, continuo a ser contagiada pela energia singular que envolve a cidade durante este mês sagrado. Sou grata pela oportunidade de ser parte deste ambiente culturalmente enriquecedor, onde contemplo a diversidade e reitero a importância de buscar compreender e respeitar as tradições e crenças de nossos semelhantes. Que o Ramadã seja, para todos os que o observam, um período de paz, amor e renovação espiritual.

Ramadan Mubarak!