Cultura

Centenário de Nascimento do contista Breno Accioly - I

29/12/2021 10h10
Centenário de Nascimento do contista Breno Accioly - I

“Quando iremos “ressuscitar” Breno Accioly ?”

A frase do contista e romancista Flávio Moreira da Costa, autor da antologia "Os Melhores Contos Brasileiros" de todos os tempos onde destacou o conto João Urso, edição de 2009, fez jus ao tempo do esquecimento do contista alagoano, durante mais de 50 anos, desde a sua morte.

13 de março de 1966. O dia seguinte era uma segunda-feira típica do Rio de Janeiro. Quente como no domingo da morte de Breno Accioly.

O poeta alagoano Lêdo Ivo assim registrou o seu depoimento no capítulo XXII do livro das suas memórias, Confissões de um Poeta:

“No instante em que deveríamos segurar as alças do caixão em que jazia o corpo de Breno Accioly, descobrimos, talvez com espanto, que éramos apenas quatro: João Condé, Valdemar Cavalcanti, Tadeu Rocha e eu. E seis mãos eram necessárias para carrega os despojos do autor de João Urso, até o gavetão que o esperava, no alto do cemitério. Dois coveiros se apresentaram, disfarçando em algumas palavras de gentileza funerária o constrangimento que se abatia sobre aquela cena de enterro no quase meio-dia cheio de sol. As duas mãos anônimas se estenderam para as alças livres, e assim Breno Accioly pôde ser enterrado. ”

“... Onde estão os amigos de Breno Accioly? Parecia perguntar João Condé.”

“... Éramos adolescentes quando nos conhecêramos. Praticamente, começamos juntos a escrever nos jornais de Maceió e Recife. Chegamos quase juntos ao Rio. Nele, a necessidade de afirmação literária era mais desembaraçada e imperiosa. Deu para fumar charutos e, cheirando-os antes de acende-los, costumava dizer-nos, a mim e a João Cabral de Melo Neto: “Vamos conquistar o Rio e expulsar a pontapés esse pessoal que está aí.” Sua estreia, com João Urso, foi realmente um sucesso e uma consagração, colocando-o na primeira linha de nossos contistas.”

“... A linhagem intelectual a que pertencia Breno Accioly era das mais altas e nobres.”

Nasceu em Santana do Ipanema (AL), em 22 de março de 1921, e morreu em 13 de março de 1966, no Rio de Janeiro (RJ). Filho do Desembargador Manoel Xavier Accioly e de D. Maria de Lourdes Rocha Accioly e neto do “Coronel” Manoel Rodrigues da Rocha e de D. Maria Izabel Gonçalves Rocha (Dona Sinhá). Afilhado do Padre Bulhões e devoto de São José incentivado pela professora Dona Josefa Lima (Zefinha Lima), madrinha de São João, que o alfabetizou. Morou no sobrado em frente à praça que tem o nome do seu avô materno, tendo como vizinhos (duas casas à direita) Agissé, Poni e Berenice Feitosa que inspiraram-no a criar os personagens João Urso, Poni e Cintia dos contos do seu livro mais famoso, "João Urso", bem como o Sr. Hermídio Firmo (duas casas à esquerda) personagem de um dos seus mais belos contos: "O Natal do seu Hermídio".

Mudou-se com a família, em meados de 1930, para Maceió onde concluiu o ginásio e a escola secundária no Colégio Diocesano. Durante o ano de 1937, começou a escrever no jornal católico "O Semeador".

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