Cultura

LITERATURA

Quem conta histórias, vive na memória: obra inclusiva conversa sobre luto com o público infantil

Em "Vovô foi embora, mas deixou muita história", da autora e professora Francine Cruz, uma criança tenta compreender a perda do avô de forma amorosa e singela

Por Redação com assessoria 18/05/2023 13h01
Quem conta histórias, vive na memória: obra inclusiva conversa sobre luto com o público infantil

A memória afetiva, mesmo depois de anos, pode contribuir de diferentes maneiras para as vivências no mundo. Francine Cruz é um exemplo dessa construção de experiências positivas desde a infância: quando era menina, escutava as histórias de seu avô com entusiasmo. Cresceu e precisou lidar com a perda dele, mas agora o homenageia por meio da carreira como escritora e do livro Vovô foi embora, mas deixou muita história.

A obra infantil retrata a visão de uma criança sobre o luto. Apesar da tristeza, a protagonista lembra da personalidade do avô e das lembranças que compartilhou com ele. Ao se recordar de maneira amorosa, percebe os contrastes de geração: o homem preferia viajar de trem, enquanto o mundo gosta de avião; a sociedade tem pressa, mas o parente sempre estava calmo.

Vovô sorria com a alma,mirava tudo com calma,andava devagarinho...Melhor que o fim, o caminho(Vovô foi embora, mas deixou muita história, pg. 9)

Professora e escritora, Francine Cruz é doutoranda em Educação, mestre em Educação e licenciada em Educação Física e Letras – Português e Inglês. Como autora, recebeu o Prêmio Agente Jovem de Cultura, do Ministério da Cultura, foi selecionada em concursos e editais com seus contos e publicou o livro “Amor, Maybe”. Integrante de coletivos literários femininos, como As Contistas, Mulherio das Letras, Ruído Rosa, Marianas e Vozes Escarlate, ela agora divulga sua produção mais recente, o título infantil “Vovô foi embora, mas deixou muita história!”.

A personagem evoca, ainda, as narrativas eternizadas pelo parente, que buscava valorizar o folclore brasileiro a partir da contação de lendas como a Mula Sem Cabeça, o Saci e o Pedro Malasartes. Essa relação com a cultura do país é proposta também pelas ilustrações criadas por Débora Bacchi.

Para que Vovô foi embora, mas deixou muita história chegue ao maior número de pessoas, o conteúdo foi pensado de forma inclusiva, considerando a Lei Brasileira de Inclusão. A fonte ampliada das palavras tem o objetivo de alcançar os mais de 6 milhões de brasileiros com baixa visão ou visão subnormal, de acordo com o IBGE.

Segundo a autora, o livro, que está sendo lançado com recursos do Programa de Apoio e Incentivo à Cultura, da Prefeitura Municipal de Curitiba, pode ser um auxílio para conversar com crianças sobre o luto. Ela explica: “pela ordem natural da vida, normalmente os avós são os que partem primeiro e são, muitas vezes, o primeiro contato das crianças com essa situação de perda e luto de alguém próximo. Tocar neste assunto com crianças não é uma tarefa simples, porém se faz necessário”.

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