Economia

BMW Série 5?

Resto de Rico? Pesquisa apura valorização de carros importados premium

Por Redação com assessoria 31/05/2022 15h03 - Atualizado em 31/05/2022 15h03
Resto de Rico? Pesquisa apura valorização de carros importados premium

No linguajar dos lojistas de carros usados, a sigla “RR” é bem conhecida. Não, não se trata de Rolls-Royce: mas sim “resto de rico”. É a forma pejorativa de batizar os carrões importados com 10, 15 ou 30 anos de uso. Alguns deles ainda estão no primeiro ou no segundo dono, mas é algo raro. Já pertenceram a diversos proprietários e tiveram os cuidados de manutenção negligenciados por apresentarem custos quase proibitivos de peças e mão de obra especializada.

“A lanterna dianteira de um BMW dos anos 90... continua custando o preço da lanterna de um BMW, mesmo que o valor final do carro seja inferior ao de um popular zero km”, adverte o consultor automotivo Sant Clair Castro Jr., CEO da Mobiauto, que liderou a pesquisa que aponta a variação de preços desses carros. Na prática, de acordo com Sant Clair, você vai encontrar vários carros com lanternas trincadas, para endossar o exemplo acima, que o atual proprietário não se encoraja pra trocar, depreciando o valor final do carro.

Um segundo apelido adverte outro risco comum: a “lasanha”. Admiradores de importados dos anos 90 e 2000 têm a explicação na ponta da língua: “é o carro que já foi várias vezes ao funileiro e está repleto de massa e várias camadas de tinta...”

Mas... a virtude está nas exceções.

Com um extenuante trabalho de “garimpo”, você ainda acha ótimos exemplares à disposição nos anúncios da Mobiauto. Afinal, você não vai encontrar o conforto, o desempenho, o espaço interno e (por que não?) o status desses carrões em qualquer modelo nacional seminovo, o que os torna competitivos para consumidores que são apaixonados por automóveis. “Acho o máximo entrar em um carro dos anos 90, que custa mais barato que um Fiat Mobi, e ter bancos com regulagens elétricas e botão de partida do motor, sem uso da chave”, exemplifica o consultor.


Start-up do segmento automotivo que mais cresceu em 2021 e um dos três maiores marketplaces de carros usados do país, a Mobiauto acaba de fazer um precioso levantamento com alguns desses carrões, que será capaz de encorajar (e redirecionar) opções de compras de muitos brasileiros.

Como a amostragem é muito menor em volume de unidades, as cotações podem dizer respeito muito mais ao estado de conservação dos modelos do que a uma tendência de valorização. Como é o caso da Alfa Romeo Spider, que valia, na média, R$ 120 mil no primeiro quadrimestre de 2021 e, um ano depois, já tem sua cotação multiplicada por dois e hoje custa R$ 245 mil.

Este é um fenômeno interessante, pois tem sua explicação menos na tendência e mais na sazonalidade – ou na sorte, se preferir. Essa valorização de mais de 100% na Alfa Spider não está relacionada diretamente a uma tendência de procura acentuada do modelo, que fez sua cotação subir. Mas sim a ofertas de carros conservadíssimos, agora, em 2022, que justificam o valor dobrado, colocando-os sob a mira de colecionadores. “A consequência é imediata: todos os outros donos de Spider, que têm modelos comuns e até menos conservados, vão se beneficiar dessa super valorização, pois passarão a ofertar seus carros por R$ 180 mil ou 190 mil. Como são poucas unidades à venda, todos ganham repentinamente”, explica Castro Jr.

Para exemplificar esse conceito, o consultor lembra o que ocorreu com as cotações do Gol GTi 1989 no Brasil. “Eram carros que podiam ser achados por menos de R$ 30 mil até um ano atrás. De repente, um exemplar foi vendido num leilão por R$ 150 mil. Resultado: qualquer GTi, hoje, custa R$ 70 mil ou mais”, compara.

A pesquisa apurou cotações médias de janeiro a abril de 2021 e as repetiu neste ano, efetuando o levantamento com 11 modelos importados de Alfa Romeo (Spider e 166), Audi (A4 Sedan), BMW (Séries 3 e 5), Mercedes-Benz (Classes C, E, CLK, CLK Cabrio e M) e Volvo (S80).

“Muitos modelos ficaram de fora, mas a explicação é simples – relata Castro Jr. – Só usamos veículos que apareciam em nossas bases com um número suficiente de anúncios, e nos dois períodos avaliados, ou seja, primeiro quadrimestre de 2021 e 2022. Carros como BMW Z3, por exemplo, só tinham anúncios em 2021, enquanto o Audi TT só apareceu em 2022. Esses carros ficaram de fora do levantamento”.

Na média, esses onze carrões valorizaram 36,1%, o que, por si só, é um percentual espetacular, visto que a média de mercado foi 23,5%. “Mas vale observar caso a caso. Temos três modelos (Alfa Spider, BMW Série 5 e Volvo S80) que aumentaram suas cotações em 90% ou mais, enquanto Audi A4, Mercedes CLK e ML perderam 10% ou mais”, diz o consultor da Mobiauto.

A lista mostra, porém, que sete modelos se posicionaram acima da média do mercado. “É isso que nos permite afirmar categoricamente que o importado premium pode ser, sim, considerado um ótimo negócio!”, resume. Veja a lista.

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