A cidade boliviana de San Pedro de Macha testemunha, em maio, uma prática ritual ancestral conhecida como "Tinku", que reúne centenas de homens e mulheres indígenas quíchuas em danças ritualísticas e combates corpo a corpo para resolver disputas.

A palavra "Tinku" significa "encontro" em quíchua e "ataque físico" em aimará. Essa tradição é uma maneira de lidar com problemas comunitários de forma direta, sem permitir que se agravem.

"Esse costume é muito antigo. Foi passado para meu pai e meu pai me deixou", disse José Luis Paco Cruz, 35 anos, um praticante do Tinku, que viajou centenas de quilômetros até a cidade com seus dois filhos. "Agora deixo para meus filhos para que o costume nunca se perca. Isso faz parte da herança que deixo aos meus filhos."

Os combates envolvem vestimentas tradicionais coloridas e capacetes de couro com penas vibrantes que lembram os conquistadores espanhóis. Os lutadores também mostram sua devoção à Mãe Terra, com alguns deixando ofertas de sangue das lutas.

Os Tinku podem variar de alegres danças e músicas a brigas violentas, com a polícia atuando às vezes como árbitro para conter os conflitos. Nos bastidores, espectadores ajudam a tratar ferimentos de lutadores.

Esteban Paco Taquichiri, avô de José Luis, reconheceu que ocasionalmente ocorrem mortes durante os confrontos, mas afirmou que a polícia agora monitora os eventos de perto e usa gás lacrimogêneo para conter a violência excessiva.

"Entramos em confronto por todos os cantos. Às vezes, uma ou duas pessoas caem no chão e, com mais azar, podem até morrer. Mas isso faz parte do nosso costume", explicou Taquichiri.