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Política Afirmativa

UFF Implementa Cotas para Estudantes Trans em Cursos de Graduação

Medida pioneira no Rio de Janeiro deve beneficiar mais de 300 pessoas a partir de 2025

Por Redação com Agência Brasil 21/09/2024 10h10
UFF Implementa Cotas para Estudantes Trans em Cursos de Graduação
Foto: Paula Fernandes / SCS / UFF

A Universidade Federal Fluminense (UFF) será a primeira instituição federal de ensino superior do Rio de Janeiro a implementar cotas para pessoas trans em seus cursos de graduação. A medida, aprovada na última quinta-feira (19) pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão, prevê a reserva de 2% das vagas a partir de 2025.

“A UFF fez história”, declarou Alessandra Siqueira Barreto, pró-reitora de Assuntos Estudantis. Segundo ela, o avanço foi resultado de um intenso diálogo entre os estudantes e a administração da universidade. “Foi um processo de escuta ativa. Os coletivos de estudantes trans se movimentaram para defender suas pautas e levaram essa proposição para a gestão. A minuta foi construída conjuntamente, e isso traz uma força para esse processo”, explicou.

A expectativa da UFF é que mais de 300 pessoas sejam beneficiadas no primeiro ano de implementação da política de ação afirmativa. A medida também se estenderá aos programas de pós-graduação, onde 18 cursos já reservavam vagas para estudantes trans. A partir de 2025, todos os programas de mestrado e doutorado deverão disponibilizar ao menos uma vaga para esse público.

Apoio e Permanência Estudantil


A pró-reitora garantiu que a universidade manterá um acompanhamento próximo aos estudantes trans cotistas, para assegurar um ambiente acolhedor e combater atitudes discriminatórias. “Não é só o ingresso. A gente precisa criar agora os protocolos de permanência estudantil”, afirmou. Atualmente, 50% das bolsas acadêmicas são destinadas a alunos cotistas.

Bruna Benevides, presidente da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), destacou a importância da iniciativa para além do acesso ao ensino superior. “A luta da organização vai além do ingresso nas universidades, defendendo a permanência e o sucesso acadêmico das pessoas trans”, disse. A associação deve divulgar em breve uma carta com diretrizes para a implementação dessas cotas, abordando temas como segurança e políticas de permanência.

Expansão para Outras Universidades


A Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) é outra instituição que pode seguir o exemplo da UFF. Em agosto, a Rural iniciou um debate interno sobre a criação de cotas para estudantes trans. Outras universidades federais do estado, como a UFRJ e a Unirio, ainda não se pronunciaram sobre o tema.

Com a adesão da UFF, ao menos 12 instituições federais já adotam políticas de cotas para a população trans. A mais recente a anunciar a decisão foi a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), em 11 de setembro. A Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) foi a primeira a implementar essa reserva específica em 2018, seguida por outras como a UFABC, Unilab, UFBA, UFLA, UFSC, UFSM, FURG, UNIR e UFG.

A nova política da UFF representa um marco na inclusão de pessoas trans no ensino superior, reforçando o compromisso da universidade com a diversidade e a igualdade de oportunidades.

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