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Bairro do Mutange passou a ser foco principal do problema

29/12/2021 11h11
Bairro do Mutange passou a ser foco principal do problema
Região afetada é predominantemente residencial

Apesar da instabilidade do solo e afundamentos que chegam a 40 centímetros nos últimos dois anos no Pinheiro, a situação do bairro do Mutange, pouco falado se comparado ao primeiro, pode ser considerada mais grave. A declaração é do geólogo Assessor de Hidrologia e Gestão Territorial do Serviço Geológico do Brasil (CPRM), Thales Queiroz Sampaio, responsável por apresentar aos maceioenses o Relatório Técnico sobre a instabilidade do solo nos bairros do Mutange, Bebedouro e Pinheiro.

Denominada como falha do Mutange, chamada pelo geólogo de escarpa, ela é uma estrutura geológica que já existia no bairro e que foi reativada devido a alguns poços de extração de sal-gema pela mineradora Braskem que interceptarem a zona desta falha. De acordo com o relatório apresentado, a reativação destas estruturas geológicas antigas foi causada pela desestabilização das cavidades provenientes da movimentação do sal (halocinese) em consequência da extração de sal-gema. Não há evidência de que exista esta mesma falha no Pinheiro, no entanto, ela é paralela à maioria das trincas mapeadas no bairro, por isso afetaram diretamente a região.

O especialista afirmou ainda que as rachaduras dos bairros se intensificaram em 2016 quando esta área, em processo contínuo de subsidência, começou a aumentar de maneira mais veloz. Segundo Sampaio, a falha é profunda, considerada de alto risco e atinge até 1500 metros.

Segundo o geólogo Jorge Pimentel, também da CPRM, a região do Mutange está sujeita simultaneamente a pelo menos dois processos geológicos: um de potenciais com água que são os deslizamentos e movimentos de massa, e o outro com a possibilidade de subsidência acelerada em relação a extração do sal.

Bairro do Mutange fica entre encosta ameaçada e lagoa

“Em 2017, o Serviço Geológico esteve em Maceió para fazer um mapeamento de riscos geológicos para deslizamentos e inundações. O bairro do Mutange foi uma das 27 áreas mapeadas. Lá existe a escarpa, uma ocupação desordenada de uma população de baixa renda clássica e suscetível a processos de movimento de massa. Isso faz com que os habitantes daquela região estejam sempre expostos a estes processos, principalmente na quadra chuvosa. Soma-se isto este processo de subsidência do solo”, pontuou ele.

A revelação da situação crítica do bairro do Mutange não foi recebida bem pela comunidade. Segundo o líder comunitário Arnaldo Manoel, ela deixou todos muito assustados. “Quanto à culpabilidade da Braskem isto já não era novidade, mas sobre a nossa área ser a mais perigosa isso realmente nos pegou de surpresa”, afirmou.

Apesar do susto, ele comentou que, em conversa com Thales Sampaio, o geólogo assegurou que não há a necessidade de se desesperar, e que o melhor é que a população da região aguarde o novo mapa de risco, onde provavelmente todos do bairro estarão incluídos para receber os auxílios e amparos necessários. “Nós já tínhamos uma opinião formada quanto a responsabilidade de mineradora. Mas a comprovação disto nos fez satisfeitos. Agora precisamos aguardar os próximos passos e ações dos órgãos responsáveis”, disse Manoel, acrescentando que até o momento Mutange e Bebedouro estão desprovidos do devido atendimento.

De acordo com o líder comunitário, no bairro moram 5 mil famílias e cerca de 16 de mil pessoas.

Com a divulgação do novo mapa da situação de risco, o Mutange deverá aparecer em destaque. Essa mudança deve ajudar na liberação de recursos para assistência daquela população.

“Vamos nos juntar e solicitar também ao Tribunal de Justiça, através do Ministério Público Estadual, o bloqueio de quase R$ 7 bilhões da Braskem, além dos valores já retidos, para podermos ter esperança de toda nossa comunidade receber indenizações pelos prejuízos”.

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