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Setembro Amarelo

Situação socioeconômica pode contribuir para a incidência de suicídio no Brasil

Segundo a OMS, a taxa de suicídio diminuiu em partes do mundo, mas nas Américas houve aumento de casos

Por Redação com Assessoria 01/09/2022 13h01 - Atualizado em 01/09/2022 13h01
Situação socioeconômica pode contribuir para a incidência de suicídio no Brasil

Com a chegada do mês de setembro, a campanha Setembro Amarelo se renova para conscientizar a população sobre a prevenção ao suicídio. Embora a taxa de suicídio esteja diminuindo em partes do mundo, nas Américas ela continua a subir, informa a Organização Mundial da Saúde (OMS). E segundo pesquisa da Fiocruz, que avaliou essa taxa no Brasil em 2020, houve aumento de casos nas regiões Norte e Nordeste do país.

Na pesquisa da Fiocruz foi detalhado que o Brasil registrou diminuição geral de 13% na taxa de suicídios em 2020, mas que, apesar disso, houve excesso de suicídios em diferentes faixas etárias e sexos no Norte e Nordeste do país. Foi apontado ainda que, entre os homens com 60 anos ou mais da região Norte, esse tipo de morte aumentou em 26%. Já entre as mulheres da mesma faixa etária, houve excesso de 40%.

Segundo a psicóloga e docente do Centro Universitário Tiradentes (Unit/AL) Raquel Pedrosa, o motivo do aumento de casos no Brasil pode ser explicado por fatores externos, como a instabilidade social, política e econômica, que reflete na qualidade de vida das pessoas e leva ao excesso de violência, fome e desemprego. Ela aponta que o pouco acesso à saúde de qualidade, a pandemia da covid-19 e a fase de isolamento social para conter o avanço do coronavírus também podem ter influenciado na saúde mental de muitos brasileiros.

“Além disso, o suicídio é multifatorial, envolve questões de ordem biopsicossociais. Mas, em essência, os suicidas geralmente são aquelas pessoas que possuem algum tipo de transtorno mental, como a depressão, os transtornos de personalidade ou dependência química”, salienta.

Ela revela ainda que pessoas com ideações suicidas apresentam sinais que podem ser identificados e que, além do acompanhamento com profissionais da saúde mental, é importante familiares e amigos apoiarem essas pessoas para que essa fase possa ser superada e para que elas se sintam acolhidas.

“Os sinais mais comuns são as mudanças de comportamento. Podemos ver um isolamento, humor deprimido. Não raro também observamos discursos mais apáticos, caracterizados com um tom sem esperança para o futuro, expressando, inclusive, o desejo de morte como possibilidade de melhorar sua situação. E também pode haver uso indiscriminado de álcool e outras drogas, de modo que haja fuga da realidade”, cita.

Ela ainda alerta sobre os riscos do tipo de discurso dirigido a essas pessoas, como dizer que o comportamento delas é “frescura”, “falta de Deus” ou para “chamar a atenção”. A psicóloga explica que pessoas com ideações suicidas possuem uma demanda e que deve ser tratada para que elas possam superar essa fase em segurança.

“É importante não deixar a pessoa ficar sozinha, retirar do ambiente objetos perfurocortantes e manter o controle do acesso à medicação, caso ela esteja tomando. É necessário procurar a ajuda de um profissional. Geralmente, os psiquiatras entram com medicação e o psicólogo com psicoterapia. Na psicologia, buscamos compreender o conceito de morte que o paciente tem, para que possamos trabalhar suas crenças disfuncionais e sua motivação. Evitamos ao máximo uma confrontação direta com o paciente de modo que ele se perceba julgado”, explica.

A psicóloga também aconselha que a sociedade dialogue mais sobre a morte para que tanto esse assunto como o tema transtornos mentais possam ser desmistificados. Ela ainda salienta que a campanha Setembro Amarelho é uma iniciativa que incita a sociedade a pensar sobre a gravidade do suicídio e que o assunto deveria ser discutido durante todo o ano, para além do mês de setembro.

Precisa de ajuda?

Para quem busca ajuda pode entrar em contato com o CVV. O centro disponibiliza voluntários treinados para conversar com todas as pessoas que querem ajuda e apoio emocional. O serviço é feito com estrito sigilo sobre tudo que for conversado. Um dos canais de atendimento é o 188, disponível para todo o território nacional, por 24 horas e gratuito.

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