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Calor extremo mata mais de 175 mil pessoas na Europa anualmente, diz OMS

A região representa 36% das mortes excessivas por calor no globo

Por Redação com FolhaPress 02/08/2024 07h07
Calor extremo mata mais de 175 mil pessoas na Europa anualmente, diz OMS

Continente com a taxa de aquecimento mais rápida do planeta, a Europa já registra mais de 176 mil mortes anuais relacionadas ao calor extremo. O dado foi destacado pelo diretor regional da OMS (Organização Mundial da Saúde), Hans Kluge, em um comunicado divulgado nesta quinta-feira (1º).

A região representa 36% das mortes excessivas por calor no globo, estimadas em 489 mil por ano. A mortalidade relacionada às altas temperaturas aumentou 30% na região nas últimas duas décadas.

"A região europeia está aquecendo mais rápido do que qualquer outra região da OMS, com temperaturas aumentando cerca de duas vezes mais rápido que a média global. Isso tem levado a graves consequências para a saúde das pessoas", afirmou Kluge.

"O estresse térmico é a principal causa de morte relacionada ao clima na região. Temperaturas extremas exacerbam condições crônicas, como doenças cardiovasculares, respiratórias, cerebrovasculares, problemas de saúde mental e diabetes", completou o diretor. "Grupos particularmente vulneráveis incluem idosos, especialmente aqueles que vivem sozinhos, e mulheres grávidas."

O alerta do chefe regional da OMS para a Europa foi feito para apoiar uma "chamada para a ação" contra o contra o calor extremo lançada pelo secretário-geral da ONU, António Guterres, na última quinta-feira (25).

Na semana passada, a Terra registrou seus três dias mais quentes da história recente. O recorde aconteceu na segunda-feira, 22 de julho, que teve temperatura média de 17,16°C.

Destacando a sucessão de recordes de calor, o líder das Nações Unidas cobrou mais ação das autoridades mundiais para limitar o aquecimento global em 1,5°C, em comparação às temperaturas médias do período pré-industrial. A cifra, considerada pelos cientistas o limite para evitar as piores consequências das mudanças climáticas, é também o valor preferencial acordado no Acordo de Paris, em 2015.

Em junho, no entanto, o planeta completou 12 meses consecutivos com temperaturas médias iguais ou superiores à marca de 1,5°C. Embora seja motivo de alerta, os cientistas consideram que o valor ainda não pode ser considerado definitivamente ultrapassado.

Ainda assim, o aumento das temperaturas já castiga a população em várias regiões no mundo. Na Europa, o verão tem sido marcado por ondas de calor no sul e no centro do continente, com os termômetros ultrapassando os 40°C em várias cidades.

Nesta semana, pesquisadores do World Weather Attribution divulgaram uma análise indicando que a intensidade da atual onda de calor extremo que vem atingindo boa parte da Europa Ocidental e do norte da África -apelidada de "cúpula de calor"- só pode ser explicada pelo aquecimento global causado pela ação humana.

De acordo com os cientistas, o aquecimento global agravado pela queima de combustíveis fósseis foi o responsável por elevar as as temperaturas na região em cerca de 2,5°C a 3,3°C. As análises indicam que um evento dessas dimensões não seria possível sem o aquecimento global.

É esse o fenômeno que tem elevado as temperaturas em Paris durante os Jogos Olímpicos. Nesta semana, o público e os atletas sofreram com temperaturas que chegaram a ultrapassar os 35°C.

"O mundo assistiu aos atletas suando sob um calor de 35°C. Se a atmosfera não estivesse sobrecarregada com emissões de combustíveis fósseis, Paris teria sido cerca de 3°C mais fria e muito mais segura para a prática de esportes", disse

Friederike Otto, climatologista do Imperial College London e parte do grupo World Weather Attribution, em entrevista ao jornal britânico The Guardian.

O governo francês também tem investido em manter a população e os turistas hidratados. Centenas de distribuidores de água potável foram espalhados pela capital francesa. Em estações de trem e de metrô, há também funcionários entregando água gratuitamente.

Na Grécia, além dos incêndios florestais, os últimos meses foram marcados por mortes de turistas. Em junho, pelo menos seis viajantes morreram em episódios relacionados ao excesso de calor, incluindo apresentador britânico Michael Mosley.

As autoridades helênicas chegaram a fechar temporariamente alguns pontos turísticos durante as horas mais quentes do dia. O governo também determinou restrições a algumas atividades realizadas no exterior nos horários mais quentes, incluindo a construção civil.

Em meio a alertas de altas temperaturas de seus serviços meteorológicos, outros países também implementaram restrições e medidas de contenção.

"Para mitigar esses riscos [associados ao calor], mais de 20 países da região desenvolveram planos de ação para enfrentar ondas de calor, mas isso ainda é insuficiente para proteger todas as comunidades. A OMS/Europa está atualizando suas diretrizes de planos de ação para a saúde e o calor, que servirão como referência para governos nacionais e locais", disse o diretor da OMS para Europa, Hans Kluge.

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