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Preço da picanha e os desafios econômicos do Brasil: a alta dos alimentos e a percepção do consumidor

Por Redação com Poder 360 24/12/2024 14h02
Preço da picanha e os desafios econômicos do Brasil: a alta dos alimentos e a percepção do consumidor

O preço da picanha no Brasil para o réveillon de 2024 apresenta um aumento significativo em comparação com o mesmo período do ano anterior. Em novembro, o preço médio do quilograma desse corte estava em R$ 77,44, o que representa um aumento de R$ 9,77 em relação ao final de 2023, quando o valor era de R$ 67,67. Esse aumento é reflexo das dificuldades econômicas enfrentadas pelos consumidores, especialmente no que diz respeito ao custo dos alimentos, que impacta diretamente no bolso das famílias brasileiras.

Esses dados, obtidos pelo Instituto de Economia Agrícola do Governo de São Paulo e enviados com exclusividade ao Poder360, revelam um cenário em que o preço da carne, particularmente da picanha, continua a pesar sobre os orçamentos familiares. Para um grupo de amigos que pretende comprar 4 kg de picanha para as festas de fim de ano, o gasto será de aproximadamente R$ 310, contra R$ 271 no final de 2023, um aumento de R$ 39. Mesmo considerando os números nominais, o preço da carne subiu R$ 39 nos últimos 10 anos, o que representa um desafio para a população que tem visto a carne se tornar um item mais caro e, para muitos, um luxo.

Quando ajustados pela inflação, os preços da picanha em 2024 ainda são mais baixos que os de 2021 e 2022, mas ainda assim permanecem elevados em relação à média histórica dos últimos 18 anos, o que indica que os preços das carnes têm se mantido altos e voláteis ao longo dos últimos anos.

A promessa de Lula e os desafios econômicos - 
O aumento nos preços das carnes, como a picanha, chega em um momento em que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) enfrenta desafios para cumprir uma de suas promessas mais simbólicas feitas durante a campanha eleitoral: tornar o Brasil novamente acessível para o consumo de carnes, especialmente a picanha, um corte tradicionalmente popular nas celebrações de fim de ano. Em 2022, Lula afirmou que “o povo tem que voltar a comer um churrasquinho, a comer uma picanha”. Contudo, a alta dos preços das carnes se mostra um obstáculo para essa promessa, com uma série de fatores econômicos afetando diretamente o mercado.

Fatores que explicam a alta da carne - 
Haroldo Torres, economista e sócio-diretor do Pecege Consultoria, explica que a alta dos preços das carnes em 2024 é resultado de uma combinação de fatores estruturais e conjunturais. Entre os principais motivos estão as condições climáticas, que afetaram a recuperação das pastagens e reduziram a disponibilidade de gado, além da redução do abate de vacas nos últimos três anos, o que diminuiu a oferta de carne no mercado.

Além disso, a valorização do dólar tem exercido pressão sobre o mercado interno. O aumento da moeda norte-americana tornou as exportações brasileiras mais atrativas, reduzindo a oferta de carne no Brasil. A alta do dólar também eleva o custo de insumos importados para a produção de carne, um fator que é repassado ao consumidor final. Por fim, o cenário de recomposição de renda, com a queda do desemprego e o aquecimento da economia, gerou um aumento na demanda por carne, o que também contribui para a elevação dos preços.

A percepção do brasileiro sobre a economia- 
Esses aumentos nos preços das carnes refletem um cenário mais amplo da economia brasileira, em que a percepção do consumidor tem se tornado mais cautelosa. Uma pesquisa PoderData revelou que, embora a maioria dos brasileiros ainda acredite que suas finanças pessoais melhorarão no próximo semestre (52%), esse índice caiu 5 pontos percentuais em relação a julho de 2024. Além disso, 16% dos entrevistados acreditam que sua situação financeira piorará nos próximos seis meses, o que representa um aumento em relação aos 12% registrados anteriormente.

Esses números indicam que, apesar da melhora relativa na economia e no mercado de trabalho, a insegurança econômica ainda persiste, refletindo-se no consumo e na preocupação com o aumento dos preços de itens essenciais, como a carne.


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