O presidente da Romênia, Klaus Iohannis, anunciou sua renúncia nesta segunda-feira (10), enquanto partidos parlamentares de extrema direita da oposição tentavam pressionar pelo impeachment do líder.

O país, membro da União Europeia e da OTAN, enfrenta um cenário de instabilidade política desde o ano passado, quando o pouco conhecido Calin Georgescu, um crítico de extrema direita da OTAN, obteve uma vitória inesperada no primeiro turno das eleições presidenciais. Após alegações de interferência russa – rejeitadas por Moscou –, o tribunal superior da Romênia anulou o pleito.

As eleições presidenciais foram remarcadas para os dias 4 e 18 de maio, e o tribunal determinou que Iohannis, cujo segundo mandato expirou em 21 de dezembro, permaneceria no cargo até que seu sucessor fosse eleito.

No entanto, em janeiro, três partidos de extrema direita, que controlam cerca de 35% dos assentos no parlamento, apresentaram uma moção de impeachment contra Iohannis. Com o clima de impopularidade do presidente e a votação da moção em andamento, analistas apontaram que alguns legisladores de partidos pró-europeus poderiam apoiar a iniciativa da oposição, garantindo a maioria necessária para a aprovação.

Em sua declaração, Iohannis afirmou que sua renúncia visava evitar uma crise política prolongada. "O pedido de impeachment trará consequências tanto internas quanto externas", afirmou. "Para poupar a Romênia dessa crise negativa e sem sentido, estou renunciando ao cargo de presidente."

Com a saída de Iohannis, o presidente do Senado, Ilie Bolojan, líder do Partido Liberal e membro da coalizão governista, assumirá a presidência interina com poderes limitados até a realização das eleições.

Os três partidos de extrema direita, cuja base de apoio cresceu desde a surpresa de Georgescu nas urnas, utilizaram sua campanha contra Iohannis como uma plataforma para mobilizar protestos e ocupar o centro da agenda política no país.