Muros pichados com mensagens de ameaça a motoristas de aplicativos e a assinatura de uma facção criminosa têm gerado pânico entre trabalhadores de Alagoas, especialmente aqueles que atuam no município de Rio Largo. Imagens e áudios circulando em grupos de WhatsApp apontam a cidade como alvo de um aviso de proibição para motoristas de aplicativos como Uber e 99, mas a origem das pichações é, na verdade, em São João de Meriti, no Rio de Janeiro.

As fotos que mostram muros com a inscrição “Proibido Uber [e] 99. Ass. CV” não foram registradas em Alagoas, mas sim no estado carioca. Embora as imagens estejam sendo associadas à cidade alagoana, o local real da pichação é na Baixada Fluminense, especificamente em São João de Meriti, no Rio de Janeiro.

Em áudios compartilhados em grupos de WhatsApp de motoristas de aplicativos de Alagoas, é possível ouvir mensagens alertando para a proibição de entrada em algumas áreas de Rio Largo, embora não haja confirmação de que isso esteja ocorrendo no município. "Entra não, nem Uber, nem mototaxista, só os daqui mesmo", alerta um motorista em uma gravação. Outro reforça a mensagem: "Em Rio Largo, proibiram a entrada de Uber e 99. Não pegue corrida para lá."

Alex Felix, presidente da Associação dos Motoristas por Aplicativo de Alagoas (AMPAEAL), afirmou que, embora o alerta não seja para motoristas que atuam em Alagoas, há uma recomendação para evitar algumas áreas de Rio Largo. "Os próprios clientes, que temem a violência das facções, pedem para que os motoristas não entrem em determinadas ruas, principalmente quando há conflitos entre facções", explicou.

A Secretaria de Segurança Pública de Alagoas (SSP/AL) confirmou que as imagens em questão não foram registradas em Alagoas e que as informações sobre a proibição em Rio Largo são infundadas.

A restrição, no entanto, ocorre de fato no Rio de Janeiro. A facção criminosa Comando Vermelho (CV) impôs uma proibição para motoristas de aplicativos em comunidades de São João de Meriti, na Baixada Fluminense. A ordem foi divulgada por meio de pichações nos muros das regiões de São Mateus e Tomazinho, no Complexo da Jaqueira, exigindo que apenas motoristas cadastrados na plataforma clandestina da facção trafeguem pela área.

Em resposta a esse tipo de restrição, a Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia (Amobitec) se posicionou, defendendo ações do poder público para combater a violência e garantir que a população possa escolher livremente seus prestadores de serviços. A entidade se declarou a favor de medidas para coibir a violência, visando assegurar o direito de ir e vir dos cidadãos e a livre concorrência no mercado de transportes.