O outono no Hemisfério Sul começou à 0h06 (horário de Brasília) desta quarta-feira (20) e se estenderá até o dia 21 de junho. A estação deste ano será marcada pelo enfraquecimento do fenômeno El Niño e por um aumento nas temperaturas em todo o Brasil, que devem ficar acima da média histórica, conforme previsões do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

O Inmet prevê que os meses de abril, maio e junho serão mais quentes do que a média dos últimos anos, com exceção do centro-sul do Rio Grande do Sul, onde as temperaturas deverão ficar dentro da normalidade. A coordenadora-geral do Inmet, Márcia Seabra, explicou que, em algumas regiões, as temperaturas podem ficar até 1 ou 2 graus acima da média durante o período.

A meteorologista também destacou que, além dos fenômenos climáticos como o El Niño e o La Niña, o aquecimento global pode ser um fator importante nas altas temperaturas registradas. “É mais plausível dizer que a temperatura está subindo por causa do aquecimento global e das mudanças climáticas. Isso é algo a que devemos nos adaptar, pois as temperaturas tendem a ficar mais elevadas independentemente dos fenômenos climáticos”, afirmou Seabra.

O fenômeno El Niño, que atingiu seu pico em dezembro de 2024, está mostrando sinais de enfraquecimento. “Provavelmente, no outono, já devemos observar uma transição do El Niño para uma condição mais neutra”, explicou a meteorologista. O El Niño é caracterizado pelo aquecimento das águas do Oceano Pacífico próximo à Linha do Equador, o que altera a formação de chuvas, a circulação dos ventos e a temperatura.

Ao final do outono, é possível que o fenômeno La Niña comece a se formar no Brasil, ganhando força no segundo semestre de 2025. A La Niña se caracteriza pelo resfriamento das águas do Pacífico, o que pode provocar chuvas abaixo da média na Região Sul e chuvas acima da média nas regiões Norte e Nordeste.

A previsão para o outono é de que as chuvas fiquem abaixo da média histórica na maior parte das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, especialmente devido aos impactos do El Niño. No entanto, áreas do norte de Roraima, noroeste e sudoeste do Amazonas e oeste do Acre devem apresentar condições favoráveis para chuvas dentro da média ou até acima dela. No Sul e Sudeste, as chuvas devem ser superiores à média histórica, principalmente no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, áreas de São Paulo e sul de Minas Gerais. Em outras regiões do Sudeste, a tendência é de chuvas próximas à média ou ligeiramente abaixo.

Na região do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), a previsão de chuvas abaixo da média pode prejudicar o plantio e as fases iniciais dos cultivos de segunda safra. No entanto, a meteorologista afirma que esse impacto será menor, pois o período não coincide com grandes produções agrícolas. Em algumas áreas, a menor quantidade de chuva pode até facilitar a colheita e o transporte da safra.

Por outro lado, na Região Centro-Oeste e Sudeste, as chuvas acima da média devem beneficiar os cultivos de segunda safra, mantendo os níveis de umidade do solo adequados. Nas principais regiões produtoras de café, como em anos anteriores, o outono não deverá registrar geadas, o que é um alívio para os produtores. Na Região Sul, os volumes de chuva previstos são suficientes para manter os níveis de água no solo adequados às necessidades hídricas das lavouras de segunda safra, mas podem prejudicar as operações de colheita da primeira safra.