A "andada do caranguejo", evento natural que marca o período de reprodução do caranguejo-uçá, entra na reta final neste sábado (29), com o último intervalo do defeso deste ano. O período de defeso segue até o dia 3 de abril, e o Instituto do Meio Ambiente de Alagoas (IMA/AL) reforça o alerta para a proibição da captura, transporte, comercialização e beneficiamento do caranguejo-uçá. A medida tem como objetivo proteger a reprodução da espécie e garantir a saúde dos ecossistemas dos manguezais.

A regulamentação dessa restrição é estabelecida pela Portaria Interministerial nº 22, dos Ministérios da Pesca e Aquicultura (MPA) e do Meio Ambiente (MMA). A pesca ilegal durante esse período pode resultar em multas que variam de R$ 700 a R$ 100 mil, além da apreensão dos caranguejos capturados e dos equipamentos utilizados.

O IMA/AL também alerta pescadores, empresas e profissionais que comercializam o caranguejo-uçá sobre a obrigatoriedade de declarar os estoques. O cadastro pode ser feito online até um dia antes do início do defeso, acessando o site https://sei.ibama.gov.br/. A falta do registro pode acarretar penalidades e apreensões durante as fiscalizações realizadas pelo IMA/AL, o Ibama e o Batalhão de Polícia Ambiental.

Durante a "andada do caranguejo", os animais saem de suas tocas à procura de um parceiro para garantir a reprodução, um evento que acontece em sintonia com as marés e é essencial para a continuidade da espécie. A captura de caranguejos nesse período pode prejudicar esse processo reprodutivo, resultando na redução da população e comprometendo o equilíbrio ecológico dos manguezais.

A engenheira de pesca e consultora do IMA/AL, Lays do Nascimento, destaca que a preservação do caranguejo-uçá é crucial para o equilíbrio ambiental. "Muitas vezes não percebemos a importância do caranguejo na natureza, mas ele é um verdadeiro engenheiro dos manguezais. Sem eles, os manguezais seriam um caos total", explica.

Os caranguejos desempenham um papel vital na manutenção dos manguezais, ajudando a oxigenar o solo e a reciclar folhas caídas, o que contribui para o equilíbrio ecológico. Portanto, respeitar o período de defeso não é apenas uma obrigação legal, mas também uma responsabilidade com o futuro dos manguezais e o bem-estar das comunidades que dependem desse ecossistema para sua subsistência.

"A boa notícia é que podemos fazer a diferença. A principal atitude é proteger o caranguejo nesse período de defeso e compartilhar essas informações", conclui Lays do Nascimento.