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Levantamento da Polícia Federal

Fraude no INSS: dirigentes de entidades seriam laranjas em esquema que desviou R$ 1,7 bilhão

Por Redação com agências 02/05/2025 17h05
Fraude no INSS: dirigentes de entidades seriam laranjas em esquema que desviou R$ 1,7 bilhão
INSS organiza retorno do atendimento nas agências - Foto: Marcello Casal/Agência Brasil

Um levantamento da Polícia Federal aponta que dirigentes de entidades suspeitas de envolvimento em fraudes contra o INSS atuavam como laranjas de empresários que se beneficiavam financeiramente de descontos indevidos em aposentadorias. Ao menos sete associações, que arrecadaram juntas cerca de R$ 1,7 bilhão por meio de parcerias com o órgão, estão sob investigação.

De acordo com a apuração, os nomes registrados como presidentes das instituições incluem beneficiários do Bolsa Família, idosos com renda baixa, familiares e até uma funcionária da limpeza de uma empresa que teria movimentado milhões em repasses provenientes dessas entidades.

Entre as organizações citadas está a Associação dos Aposentados e Pensionistas do Brasil (AAPB), que formalizou acordo de cooperação técnica com o INSS em 2021, durante a gestão de José Carlos de Oliveira, ex-presidente do instituto e ex-ministro da Previdência no governo Jair Bolsonaro. Desde então, a AAPB já movimentou R$ 168 milhões. Na época, a entidade era presidida por Raimunda da Cunha, então com 81 anos.

A AAPB concedeu procuração com plenos poderes ao advogado Roberto Marinho Luiz da Rocha, apontado como um dos envolvidos no fluxo financeiro da associação. A entidade também aparece como responsável por pagamentos à empresária Cecília Mota, investigada por intermediar repasses a servidores públicos.

Outra entidade com perfil semelhante é a Associação dos Aposentados e Pensionistas Nacional, que movimentou R$ 233 milhões. Anteriormente chamada de ABSP, a organização chegou a ser descredenciada pelo INSS em 2019, mas teve seu contrato reativado pelo ex-diretor André Fidelis, também investigado no caso. Fidelis é suspeito de ter recebido propina das associações e de manter vínculos com o empresário conhecido como “Careca do INSS”, apontado como articulador do esquema.

Cecília Mota também teria financiado ao menos uma dúzia de viagens a Portugal realizadas por André Fidelis. O mesmo padrão se repete em outras associações. Maria Eudenes dos Santos, ex-beneficiária do Bolsa Família, presidia a Associação dos Aposentados e Pensionistas Nacional (AAPEN) e concedeu plenos poderes a Tiago Alves de Araújo, que viajou 15 vezes a Portugal ao lado de Cecília Mota e recebeu R$ 120 mil de um escritório vinculado à empresária. As investigações continuam em andamento, e a Polícia Federal não descarta novas fases da operação nem a inclusão de outros envolvidos.

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