O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) gravou nesta quarta-feira (14), em Brasília, um vídeo ao lado de um casal de idosos que afirma ter sido vítima de descontos indevidos em seus benefícios do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social). A gravação, com cerca de 1h30min, será utilizada em uma campanha publicitária do PL contra o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Na conversa, os aposentados relataram que, por mais de dois anos, tiveram valores entre R$ 45 e R$ 50 debitados mensalmente de suas aposentadorias, sem autorização. A entidade apontada como responsável pelos descontos é a Ambec (Associação dos Aposentados Mutualistas para Benefícios Coletivos), que está entre as investigadas por fraudes em consignações.

Com o slogan “Aposentadoria é sagrada. Quem rouba, não cuida”, a campanha será veiculada nas redes sociais e na televisão a partir do próximo dia 27 de maio. A produção tem à frente o assessor especial de Bolsonaro e ex-chefe da Secretaria de Comunicação da Presidência, Fábio Wajngarten, e o marqueteiro Duda Lima.

A Ambec ganhou destaque nas investigações conduzidas pelo Tribunal de Contas da União (TCU), que, em 2024, identificou práticas irregulares em descontos automáticos aplicados a aposentados e pensionistas do INSS. Em resposta, o TCU determinou o bloqueio imediato de novas consignações a entidades suspeitas, o reembolso dos valores indevidamente cobrados e a identificação dos envolvidos.

O caso também respingou no atual governo. Segundo informações do jornal O Globo, Enrique Lewandowski, filho do ministro da Justiça Ricardo Lewandowski, atuou como advogado da Ambec em processos no TCU, por meio do escritório Panella Advogados.

A reação do PT veio nas redes sociais. Em 9 de maio, o partido publicou um vídeo em seu perfil oficial no X (antigo Twitter), argumentando que os descontos suspeitos aconteceram durante a gestão de Bolsonaro e que, sob o governo Lula, medidas estão sendo tomadas para investigar e punir os responsáveis.

Com o episódio, a disputa em torno da responsabilidade pelo escândalo envolvendo descontos no INSS se intensifica, transformando o caso em mais um campo de embate político entre os dois principais adversários.