O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), provocou desconforto no Palácio do Planalto ao anunciar, sem aviso prévio e pelas redes sociais, que colocaria em votação nesta quarta-feira (25) o projeto que suspende o decreto de aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).

Segundo apuração do G1, a decisão foi recebida como uma quebra na relação institucional entre os Poderes. O governo esperava que a Câmara aguardasse a divulgação do relatório bimestral das contas públicas, prevista para 22 de julho, antes de discutir a medida. A antecipação pegou a articulação política de surpresa e frustrou os planos do Executivo de avaliar o impacto fiscal da proposta antes de qualquer avanço no Congresso.

“Não se respeita mais rito nesta Câmara. O governo foi surpreendido com essa pauta para hoje. Ainda espero uma conversa com Hugo Motta ainda pela manhã. Foi quebra de relação”, afirmou uma fonte ligada ao Planalto.

Para o governo Lula, a decisão pode comprometer o orçamento, especialmente porque o decreto do IOF já havia passado por ajustes. Integrantes da base aliada viram a atitude como um gesto de afronta, por desconsiderar o contexto mais amplo da reforma tributária que será enviada ao Congresso.

Nos bastidores, a movimentação de Motta é interpretada como um sinal de pressão política da Câmara sobre o governo, especialmente em um momento de tensão na base aliada. Parlamentares vêm reclamando de atrasos na liberação de emendas e de falta de interlocução com o Planalto em temas sensíveis.

Além disso, a antecipação da pauta é vista como uma tentativa de o presidente da Câmara afirmar protagonismo dentro da Casa e no cenário político nacional, reforçando a autonomia do Legislativo em meio a embates recorrentes com o Executivo.