O Brasil interrompeu a trajetória de crescimento no número de turistas estrangeiros após voltar a exigir vistos de entrada para cidadãos dos Estados Unidos, Canadá e Austrália. A nova regra passou a valer em 10 de abril, por meio de um decreto assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Dados divulgados pela Embratur, com base em registros da Polícia Federal e do Ministério do Turismo, apontam que a exigência impactou diretamente o fluxo de viajantes oriundos desses três países.

Entre janeiro e março de 2025, o país recebeu 320.229 turistas provenientes dos EUA, Canadá e Austrália, um aumento de 25,3% em comparação ao mesmo período de 2024, quando o total foi de 255.522. No entanto, entre abril e junho, já sob a vigência da nova exigência, o número de visitantes caiu para 176.491, levemente abaixo dos 177.526 registrados no segundo trimestre do ano anterior, o que representa uma retração de 0,6%.

Diante das críticas à medida, o Itamaraty encaminhou ao Senado uma nota justificando a retomada da exigência. No texto, o Ministério das Relações Exteriores afirma que a decisão segue os princípios da política migratória nacional, baseada na reciprocidade e no tratamento igualitário entre os países.

O órgão também argumenta que a isenção de vistos, adotada durante o governo Bolsonaro, não teve efeito relevante sobre o número de visitantes: em 2019, os quatro países (incluindo o Japão, que não está no novo decreto) respondiam por 8,8% dos turistas internacionais; em 2024, esse índice caiu para 8,4%.