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Correios enfrentam crise financeira e risco de colapso, aponta auditoria do TCU
Uma auditoria confidencial do Tribunal de Contas da União (TCU), obtida pela revista VEJA, revela que os Correios, empresa pública marcada pelo escândalo do mensalão em 2005, atravessam uma crise financeira sem precedentes, com risco iminente de insustentabilidade no longo prazo. O documento expõe problemas crônicos como má gestão, falta de investimentos e irregularidades em licitações, que agravam a situação da estatal e a colocam à beira do colapso econômico.
O relatório do TCU destaca que, entre novembro de 2019 e novembro de 2023, cerca de 43% das mais de 5.300 licitações realizadas pelos Correios apresentaram falhas, como risco de conluio, contratações de fornecedores com restrições ou processos com licitante único. Além disso, a empresa enfrenta dificuldades para manter sua competitividade em um mercado de logística cada vez mais dominado por grandes players internacionais e pelo comércio eletrônico. Apesar de atender 99,7% dos municípios brasileiros em 2022, entregando 11,7 milhões de objetos diariamente e realizando 175 milhões de atendimentos presenciais, os Correios sofrem com uma estrutura analógica e baixa capacidade de inovação digital, segundo os auditores.
A estatal, que já foi uma máquina de lucros e influência política, com quase 400 milhões de reais de lucro na época do mensalão, hoje acumula prejuízos significativos. No primeiro trimestre de 2025, os Correios registraram um déficit de 1,7 bilhão de reais. A situação se agrava com a decisão recente de não pagar 2,75 bilhões de reais em tributos, obrigações previdenciárias, planos de saúde e outros benefícios. A auditoria também aponta que, em 2024, parte de uma operação de crédito foi utilizada para cobrir o déficit previdenciário, em vez de ser destinada a investimentos.
O TCU identifica ainda uma queda na participação dos Correios no mercado de encomendas, que representa 51% de seu faturamento, mas vem diminuindo ano a ano devido à concorrência acirrada e à redução da demanda por serviços postais tradicionais. “Devido à queda de demanda por produtos do monopólio e à perda de market share do segmento de encomendas, pode haver uma tendência de queda de receita, levando à insustentabilidade econômico-financeira no longo prazo, impactando a capacidade de a estatal prestar o serviço postal universal e a sua independência de recursos do Tesouro Nacional”, alertam os auditores.
O plano estratégico dos Correios para 2023-2027 reconhece que a sobrevivência no mercado é o principal desafio da empresa. Em nota, a estatal afirmou: “diante de um cenário desafiador – com mudanças regulatórias que impactaram o segmento internacional e reduziram receitas –, somado aos efeitos do período de subinvestimentos entre 2019 e 2022, os Correios estruturaram um plano bianual de reequilíbrio”. A empresa também destacou que ampliou os investimentos de uma média de 447 milhões de reais anuais (2019-2022) para mais de 792 milhões de reais em 2023 e 2024, além de assumir o compromisso de cortar 1,5 bilhão de reais em despesas em 2025. “As iniciativas, previstas para 2025 e 2026, permitirão a retomada gradual do equilíbrio operacional e dos resultados da empresa”, completa a nota.
A crise atual remonta ao escândalo do mensalão, revelado em maio de 2005 pela VEJA, quando um funcionário dos Correios, indicado pelo PTB, foi filmado recebendo propina e admitindo que agia sob ordens do partido. O caso expôs um esquema de corrupção que envolvia a compra de apoio político no Congresso por meio do loteamento de cargos na estatal, prática que contribuiu para a deterioração de sua gestão ao longo dos anos.
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