A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS, criada para apurar fraudes em benefícios da Previdência Social, começou oficialmente os trabalhos nesta quarta-feira (20) e já deve votar, nos próximos dias, requerimentos de convocação de autoridades, entre elas o ex-ministro da Previdência Carlos Lupi (PDT).

As investigações têm como foco irregularidades que, segundo estimativas da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União (CGU), podem ter causado um prejuízo de até R$ 6,3 bilhões aos cofres públicos.

A instalação da CPMI representou uma derrota significativa para o governo federal e para o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP). Alcolumbre havia articulado a candidatura do senador Omar Aziz (PSD-AM) para presidir a comissão, mas foi surpreendido por uma articulação da oposição que conseguiu eleger Carlos Viana (Podemos-MG) para o cargo, com 17 votos contra 14.

A relatoria também escapou do controle do governo. O relator escolhido foi o deputado Alfredo Gaspar (União-AL), aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), em detrimento do nome indicado pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB).

Com maioria oposicionista na cúpula, a CPMI tende a adotar uma linha de investigação mais crítica ao governo federal, o que pode intensificar a pressão política sobre o Palácio do Planalto, especialmente sobre ex-gestores da área da Previdência.