Alagoas
Explosão no Porto de Beirute pode ser lição para Maceió
Paralelo perigoso entre o Líbano e Jaraguá levanta preocupações sobre o futuro da capital alagoana
Em 4 de agosto de 2020, uma terrível tragédia abalou a cidade de Beirute, no Líbano. Uma explosão química no porto da capital libanesa deixou um rastro de destruição, com pelo menos 215 pessoas mortas, mais de 6 mil feridas e 300 mil desabrigados. A potência do impacto foi tão intensa que se assemelhou a um terremoto de magnitude 3.3, causando danos em poucos segundos que superaram os estragos de uma guerra civil de 15 anos.
Porto de Maceió
A origem do desastre está na detonação de centenas de toneladas de nitrato de amônio, um material explosivo que estava armazenado desde 2013 no coração de Beirute. O incidente deixou claro o perigo e as consequências trágicas de negligenciar a segurança e o manejo adequado de substâncias perigosas. Além das vidas humanas perdidas, a cidade enfrentou danos estruturais significativos, afetando residências, edifícios e infraestrutura crucial.
O caso traz lições importantes e aplicáveis ao Porto de Maceió, já que a multinacional francesa Timac Agro Indústria e Comércio de Fertilizantes pleiteia instalar em solo alagoano um espaço de estocagem de ácido sulfúrico. O produto é tóxico e altamente corrosivo, e, em caso de acidente ambiental, pode contaminar cursos de águas tornando-os impróprios para uso em qualquer finalidade.
Destruição no Porto de Beirute após explosão química
A pesquisadora Yamina Coentro Montaldo lembra que o ácido sulfúrico é um líquido incolor, viscoso e possui um odor acre e penetrante. “Uma das reações químicas envolvendo o ácido sulfúrico é a dissolução de trióxido de enxofre, o que resulta na formação do ácido sulfúrico oleoso, também conhecido como ácido sulfúrico fumegante. Essa denominação se dá devido à emissão de fumos esbranquiçados quando exposto à temperatura ambiente. Embora o ácido sulfúrico não seja inflamável nem explosivo por si só, ele pode ser uma fonte secundária de incêndios e explosões devido às suas reações altamente reativas e à liberação de hidrogênio durante a corrosão de metais. É importante destacar que o hidrogênio é inflamável e explosivo em contato com o ar”, disse.
A Timac Agro está no Brasil desde 1997. Produz e comercializa fertilizantes de alta tecnologia. Segundo a própria empresa, a capacidade de produção é de mais de 1 milhão de toneladas de fertilizantes complexos (NPK no grão).
A possível vulnerabilidade do "Paraíso das Águas" a um desastre como o de Beirute despertou a atenção da sociedade maceioense, que manifestou preocupação com a segurança e a preservação do patrimônio histórico-cultural da região. Moradores, ambientalistas e empresários locais temem os efeitos adversos que essa atividade poderia causar não só ao meio ambiente, mas também ao turismo e à economia local.
Além dos riscos de potencializar incêndios e explosões, o ácido sulfúrico também pode ter um impacto significativo na atmosfera e no meio ambiente. “Os gases liberados durante o processo de corrosão de metais podem contribuir para a ocorrência de chuvas ácidas, que têm efeitos prejudiciais sobre a flora, a fauna e os ecossistemas em geral”, ressalta Yamina.
TIMAC AGRO - A bióloga Neirevane Nunes divulgou em suas redes sociais que a fábrica de fertilizantes da Timac Agro, está presente em Alagoas no município de Santa Luzia do Norte e possui um extenso histórico de crime ambientais. “Era a Profertil, foi adquirida pela Timac Agro, mudou de nome, mas seu histórico de crime ambientais permanece. Entre eles, contaminação do subsolo da região e na camada atmosférica do município, nas proximidades da unidade de fabricação de ácido sulfúrico (H2SO4)”, divulgou a especialista.
Diante dos riscos eminentes de danos à ordem urbanística, não apenas no Jaraguá, local onde o Porto se localiza, o promotor de Justiça Jorge Dória, titular da 66ª Promotoria de Urbanismo, Defesa dos Patrimônios Artístico, Estético, Histórico, Turístico e Paisagístico da Capital, visa adotar medidas para proteger o patrimônio histórico, cultural e turístico da região, além de resguardar a segurança de todos os habitantes da cidade.
"O Plano Diretor de Maceió, em seus artigos 52 e 53, classifica o bairro de Jaraguá como uma Zona Especial de Preservação Cultural, o que o torna um polo histórico, cultural e turístico protegido. Adicionalmente, o Código de Urbanismo estabelece, em seu artigo 500, que estabelecimentos que lidem com produtos químicos, tóxicos, inflamáveis e/ou explosivos, capazes de causar poluição ambiental, devem estar localizados a uma distância mínima de 500 metros do perímetro urbano da cidade, conforme definido em lei", destacou o promotor, ao argumentar que a análise criteriosa dos fatos é necessária para definir as providências a serem adotadas.
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