Alagoas
Não há anjos, nem santos no crime da Braskem: só muita gente cara de pau
A resistência criou o Movimento Pela Vida dentro do Sindicato dos Jornalistas, mas todos foram chamados de “comunistas” pelos políticos
Maceió não merece tamanha agonia e tristeza por conta de um crime sem precedentes em sua história de mais de 200 anos.
Não custa lembrar que lá, no final dos anos 70, houve resistência por parte de ambientalistas liderados pelo professor José Geraldo Marques, da Universidade Federal de Alagoas, contra a instalação da planta da Salgema, primeiro nome da fábrica, na restinga do Pontal da Barra.
Naquele momento imaginava-se que o bairro do Trapiche estava abrigando uma bomba dentro da cidade e que a qualquer momento explodiria com alto teor de destruição. Foram muitos os debates e alertas feitos aos governantes, mas os resistentes foram ignorados e, tal como hoje, chamados de “comunistas”.
Não foram poucas as manifestações e atos realizados pelo Movimento Pela Vida, criado dentro do Sindicato dos Jornalistas por Anivaldo Miranda, Dênis Agra, Freitas Neto, Régis Cavalcante e ambientalistas alagoanos comprometidos com a qualidade de vida da população.
Eles estavam certos, mas de nada adiantou. Os políticos venceram.
E foi aí que abrigaram a fábrica, reservaram um trecho do mar do Pontal da Barra para instalação de um porto cargueiro particular, enquanto os moradores do Trapiche viram seus imóveis perder valor comercial.
Agora a bomba explode de forma sorrateira, criminosa e medonha, afetando a vida de mais de 60 mil pessoas, antes instaladas em comunidades pulsantes, alegres e vibrantes, em meio as suas virtudes, defeitos e particularidades próprias.
Havia vida. Havia riqueza, pobreza, felicidade e tristeza como é natural do ambiente e do ser.
Mas, como hoje, havia os políticos.
Eles se quer enxergaram quando os moradores do Pontal da Barra, do entorno do Vergel do Lago e da Vila Brejal denunciaram inúmeras vezes que a lagoa Mundaú estava sendo contaminada pelos efeitos danosos da Braskem. Que o velho e bom sururu estava sendo dizimado, prejudicando as vidas de pescadores e marisqueiros que dependiam da cadeia produtiva lagunar
Ninguém se importou.
Tal como antes, hoje os políticos aparecem, a maioria de forma nababesca, tentando dizer “eu não tenho culpa nenhuma nesse processo de destruição da cidade”. A barbaridade está explícita.
Enfim, a Braskem rima com luxo e riqueza. A riqueza banca vida feliz para os seus agregados e isso os políticos sabem muito bem.
Não há desculpas. O crime é real e dantesco. E os responsáveis estão aí para quem quiser ver.
Só que todos, agora, posando de anjos e santos.
*Com informações do é assim
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