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Médico está isolado em cela após ser hostilizado por outros presos
Ele pode responder por mais crimes, além de estupro de vulnerável
O anestesista Giovanni Bezerra, 31 anos, preso em flagrante por estuprar uma mulher durante cesárea, foi encaminhado para a Cadeia Pública Pedrolino Werling de Oliveira (Bangu 8), no Complexo de Gericinó, para onde são levados os custodiados que têm nível superior. Por medida de segurança, o médico está isolado em uma cela da Galeria F da unidade. É que, ao chegar, ele foi hostilizado pelos outros presos, que reagiram xingando-o e batendo na grade das celas.
A delegada Bárbara Lomba, titular da Delegacia de Atendimento à Mulher de São João de Meriti, na Baixada Fluminense, disse que o anestesista pode ser indiciado por outros crimes, além do estupro de vulnerável, pelo qual já responde.
O médico foi preso na madrugada de segunda-feira (11) após a polícia ter acesso a um vídeo feito por profissionais da equipe que atuou com ele na cirurgia de uma mulher no domingo passado. As imagens mostram que o anestesista estuprou uma paciente durante cesariana feita no Hospital da Mulher Heloneida Studart, também em São João de Meriti.
Segundo a delegada, se ficar comprovado que Giovanni Bezerra aplicou tipos e quantidades desnecessários de sedativos na paciente, ele poderá responder por violência obstétrica. No mesmo dia, o médico participou de mais dois partos. A vítima que aparece no vídeo e as outras duas ainda não prestaram depoimento porque a delegada aguarda um momento mais adequado para conversar com elas, que ainda se recuperam da cirurgia.
Ontem (12), a delegada ouviu algumas mulheres que também fizeram cirurgias com a presença do anestesista. Bárbara Lomba quer identificar se ele agiu sistematicamente, repetindo o comportamento em outras cesarianas, o que pode caracterizar crime em série. Profissionais das equipes que trabalharam com o anestesista também prestaram depoimentos e manifestaram estranhamento com o uso dos sedativos.
Prisão
Também ontem, em audiência de custódia, a juíza Rachel Assad converteu a prisão em flagrante do anestesista em preventiva, ou seja, por tempo indeterminado. Giovanni foi denunciado pelo estupro de uma mulher durante o parto. O processo tramita em segredo de Justiça para preservar a identidade da vítima.
Na decisão, Rachel alertou para a gravidade do ato praticado pelo acusado, que, segundo a magistrada, nem se preocupou com presença de outros profissionais que estavam a seu lado, na sala de cirurgia.“A gravidade da conduta é extremamente acentuada. Tamanha era a ousadia e intenção do custodiado de satisfazer a lascívia, que praticava a conduta dentro de hospital, com a presença de toda a equipe médica, em meio a um procedimento cirúrgico. Portanto, sequer a presença de outros profissionais foi capaz de demover o preso da repugnante ação, que contou com a absoluta vulnerabilidade da vítima, condição sobre a qual o autor mantinha sob o seu exclusivo controle, já que ministrava sedativos em doses que assegurassem a absoluta incapacidade de resistir”, afirmou.
Segundo a magistrada, houve brutalidade e crueldade na ação do anestesista, que foi divulgada em diversos meios de comunicação, o que demonstrou o completo desprezo do acusado pela dignidade da mulher, pela ética médica e pelo compromisso profissional que firmara não havia muito tempo.
“Em um parto onde a mulher, além de anestesiada, dava à luz seu filho – em um dos prováveis momentos mais importantes de sua vida – o custodiado, valendo-se de sua profissão, viola todos os direitos que ela tinha sobre si mesma. Portanto, o dia do nascimento do filho será marcado pelo trauma decorrente da brutal conduta por ele praticada, o que será recordado em todos os aniversários”, finalizou.
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