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Aluno de escola pública cria robô para semear agricultura da própria cidade
O protótipo, carece de investimento para ser aprimorado, estimativa é de 50 mil reais para produção de um modelo piloto mais robusto
Sob o sol de 30ºC, agricultores executam as atividades na zona rural de Pindoretama de forma braçal. Trabalho árduo na cidade localizada na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF). A realidade de aspectos desgastantes e de pouca inserção de tecnologia é observada de perto, desde a infância, pelo estudante Ud Madeiro Pereira, morador do município. Foi ela que o despertou para uma criação de efeito inicialmente local, mas que hoje é reconhecida nacionalmente: um robô semeador.
O protótipo foi concebido em 2020, ano em que Ud entrou na rede pública estadual, na Escola de Ensino Profissional Edson Queiroz, na cidade vizinha, Cascavel.
Hoje, com 18 anos, ele está concluíndo esta etapa de ensino. Os potenciais criativos do estudante se acentuam no trajeto rumo à formação superior. A meta é ingressar na Universidade de São Paulo (USP) para cursar engenharia mecatrônica ou engenharia elétrica com ênfase em controle e automação.
A mistura dessas duas dimensões resulta em ideias executáveis e, posteriormente, se materializam em dispositivos reais. Uma equação criativa que parte de demandas sociais reais e as conecta à criação de tecnologia como solução.
No caso do robô semeador, também chamado de Vespertílio, o intuito é melhorar as condições de produção de alimentos por meio da automatização de processos na agricultura familiar, de modo a melhorar essa atividade. Isso com uma tecnologia de baixo custo e fácil manuseio, gerando efeito tanto na experiência dos trabalhadores quanto nos resultados.
“Eu tive a ideia de criar o robô e eu não tinha experiência na área metalúrgica e ele ficou muito desalinhado e não conseguia andar direito e fiz a partir de peças usadas em motos que já são alinhadas industrialmente. Eu mesmo desenhei e desenvolvi”. disse o aluno.
O protótipo de robô, que segundo UD, ainda é uma criação bastante elementar. É feito, dentre outros, de uma estrutura de sustentação com quadros elásticos de moto, cubos para eixos, coroas para a movimentação, cano de PVC, tampo de madeira e garrafa PET.
“O robô, basicamente, na primeira versão, tem uma peça que vem rasgando um solo, em seguida tem um sistema eletrônico que vem soltando a semente. Depois vem uma peça de arrasto cobrindo essa semente tampada. Isso torna o plantio mais preciso e rápido”. afirmou Ud.
A criação, ressalta ele, é fruto do gosto por “enveredar por problemas sociais. No mundo, 800 milhões de pessoas têm problemas relacionados à alimentação. E é nesse sentido que surgem as ideias para solucionar. Vejo que a forma como é feito (o plantio) é a mesma de milênios. A mecanização agrária pode melhorar consideravelmente a agricultura familiar”, completa.
Ud é filho do artista plástico, Antonio Jader Pereira dos Santos, conhecido como Dim Brinquedim, e da professora Angela Madeiro. Na família, incentivos à criatividade, relata ele, não faltam.
Esse estímulo à experimentação resultou, em pleno ensino médio, no robô que, especifica Ud, pode ser enquadrado no que chama de MVP, o Mínimo Produto Viável, que é uma versão bem simplificada de uma solução com funcionalidades básicas. “É a sinalização de que a ideia pode ser real. O projeto é a prova de conceito”, acrescenta ele.
RECONHECIMENTOS
A criação de Ud já foi reconhecida diversas vezes, dentre elas uma medalha na Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace) em 2020, e o 1º lugar no Prêmio “Respostas para o Amanhã”, no mesmo ano. Este último é um programa global da Samsung, no qual alunos e professores da rede pública do Brasil são desafiados a desenvolverem soluções científicas ou tecnológicas para problemas locais.
Os reconhecimentos resultaram na conquista de uma bolsa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ), instituição de incentivo à pesquisa ligada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações. A atividade se desenvolveu por dois anos - em 2020 e 2021.
O robô, por ser um protótipo, carece de investimento para ser aprimorado. Tal limite impõe desgaste e frustrações ao estudante. Já foram muitas as tentativas de financiamento para o projeto cuja estimativa é de 50 mil reais para produção de um modelo piloto mais robusto.
“Uma das coisas que me dá prazer é desenvolver tecnologia”, reforça. Ud não represa a criatividade embora saiba que materializá-la é desafiante. Enquanto aguarda, Ud encara uma maratona de estudos para tentar ingressar no ensino superior. Tem novos planos de conhecimento. A expectativa é que, em 2023, esse saber acumulado deságue na universidade.
*Diário do Nordeste
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