Mesmo enfrentando cortes de cerca de 20% nos orçamentos, que ameaçam a execução de suas atividades, diretores de agências reguladoras brasileiras passaram até três meses fora do país em 2024, realizando 198 viagens internacionais. O custo dessas viagens chegou a R$ 5,6 milhões, incluindo passagens e diárias, gerando questionamentos sobre prioridades. 

O destaque é Antonio Barra Torres, ex-presidente da Anvisa, que passou 106 dias no exterior, com gastos de R$ 632 mil. Ele participou de eventos e missões em países como Portugal, Cuba, Estados Unidos, China e Índia. Uma das viagens, ao Fórum Jurídico de Lisboa, custou R$ 40,6 mil e gerou polêmica. 

Outro exemplo é Felipe Fernandes Queiroz, diretor da ANTT, que realizou sete viagens internacionais, acumulando 65 dias fora do Brasil e gastos de R$ 217,3 mil. A ANTT havia criticado os cortes, afirmando que demissões de terceirizados e restrições financeiras comprometiam suas operações. 

As agências justificaram as despesas. A Anvisa alegou que as missões são indispensáveis para participar de fóruns internacionais e alinhar normas regulatórias. A ANTT afirmou que as viagens permitiram avanços em projetos de pedágio eletrônico e pesagem de veículos. Já a Anatel ressaltou a importância de sua atuação internacional para defender os interesses do Brasil no setor de telecomunicações. 

Enquanto isso, críticas surgem sobre a contradição entre a realização de viagens custosas e as alegações de dificuldades financeiras. ANA, Anac, ANM, Aneel não se manifestaram. Os diretores da Ancine não realizaram viagens internacionais em 2024.