O delegado Daniel Mayer, preso pela Polícia Federal (PF) sob suspeita de fraude processual, revelação de sigilo funcional e abuso de autoridade, foi oficialmente afastado de suas funções na Polícia Civil de Alagoas. A decisão foi publicada nesta quarta-feira (25) no Diário Oficial do Estado de Alagoas (DOEAL) e assinada pelo delegado-geral de Polícia Civil, Gustavo Xavier. O afastamento, iniciado na terça-feira (24), abrangeu todos os cargos acumulados por Mayer, que atuava no 31º Distrito Policial de Olho D’Água do Casado, no 32º DP de Piranhas, na Diretoria de Polícia Judiciária 1 e na Delegacia de Repressão ao Narcotráfico da Capital.

A prisão de Mayer ocorreu no dia 18 de setembro, como parte das investigações sobre a morte do empresário Kleber Malaquias, morto em 2020 em Rio Largo, na Região Metropolitana de Maceió. De acordo com o Ministério Público, o delegado teria manipulado provas para incriminar uma pessoa já falecida, desviando o foco da investigação e inocentando outro réu envolvido no caso.

A Justiça de Alagoas, em decisão do juiz Alberto Jorge Correia de Barros Lima, negou o pedido de habeas corpus feito pela defesa do delegado. Na decisão, o magistrado ressaltou a gravidade das acusações. "Observa-se que a suposta conduta delitiva atribuída ao paciente [delegado] é grave, pois teria ele, segundo o Ministério Público, manipulado a produção de provas a fim de direcionar a autoria do homicídio de Kleber Malaquias a um indivíduo já falecido", afirmou o juiz.

A prisão e o adiamento do julgamento

Além da prisão de Mayer, a Justiça determinou o adiamento do júri popular do caso Kleber Malaquias, que estava marcado para o dia 19 de setembro de 2024. A pedido do Ministério Público de Alagoas, o julgamento foi remarcado para 17 de fevereiro de 2025. O adiamento se deu em meio ao andamento das investigações sobre a suposta fraude processual cometida pelo delegado.

O caso Kleber Malaquias

O empresário Kleber Malaquias foi assassinado em 15 de julho de 2020, dentro de um bar em Rio Largo, no dia de seu aniversário. O crime, segundo o processo, teria sido planejado por pessoas próximas a ele. O policial militar José Mário, na época pré-candidato a vereador, teria atraído Kleber ao local com o pretexto de discutir questões políticas. O executor dos disparos foi identificado como Fredson José.

Kleber Malaquias era conhecido por fazer denúncias contra políticos e autoridades, o que, segundo os autos, o tornou alvo de constantes ameaças. As investigações iniciais apontavam José Mário e Fredson José como os principais responsáveis pelo assassinato, mas a suposta interferência de Daniel Mayer nas provas levantou novas suspeitas sobre o caso.

Agora, com a prisão do delegado e o adiamento do júri popular, as investigações seguem em ritmo acelerado, enquanto o Ministério Público trabalha para garantir que os responsáveis pelo crime sejam devidamente julgados.