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Direitos Humanos

Após 28 anos do massacre em Eldorado do Carajás a luta pela reforma agrária persiste

Assentamento 17 de Abril promove eventos para lembrar a tragédia e manter viva a luta por justiça e reforma agrária.

Por Redação com Agência Brasil 17/04/2024 16h04
Após 28 anos do massacre em Eldorado do Carajás a luta pela reforma agrária persiste
Foto: MST-PA / Instagram

No município de Eldorado do Carajás, no Pará, o assentamento 17 de Abril se tornou um marco histórico da luta pela reforma agrária. Há 28 anos, em 17 de abril de 1996, a região testemunhou um dos episódios mais violentos contra trabalhadores rurais em busca de terra. Policiais militares interromperam brutalmente uma marcha pela estrada PA-150, executando 21 pessoas e deixando 79 feridos.

Hoje, muitos sobreviventes ainda residem no local, carregando consigo as marcas daquele trágico dia. Maria Zelzuita Oliveira de Araújo relembra: "O Massacre trouxe o seguinte: primeiramente tristeza e raiva, indignação por nós perdermos tantas pessoas."

O dirigente estadual do MST no Pará, Jorge Neri, destaca a necessidade de uma reparação histórica: "Temos uma comunidade muito marcada ainda pelo aspecto da violência e precisamos exigir que o Estado brasileiro faça uma reparação histórica psicossocial e econômica aos sobreviventes do massacre."

Apesar dos avanços, o conflito no campo persiste. O Caderno de Conflitos da Comissão Pastoral da Terra (CPT) registrou 973 casos no primeiro semestre de 2023, a maioria relacionada ao uso da terra.

Para manter viva a luta e honrar a memória das vítimas, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) realiza há 18 anos o Acampamento Pedagógico da Juventude Sem Terra Oziel Alves Pereira, na Curva do S. O evento, que começou em 10 de abril, reuniu jovens de vários estados e encerra hoje, no Dia Nacional de Luta pela Reforma Agrária.

O ato ecumênico, político e cultural denuncia a violência e impunidade no campo. Laurindo da Silva, também sobrevivente do massacre, expressa: "Estamos aqui em repúdio à fatalidade triste de a Justiça, que não fez o seu trabalho e não puniu nenhum dos assassinos comandantes do massacre."

Além dos protestos, o evento conta com ações culturais e uma feira de produtos da agricultura familiar, demonstrando o potencial produtivo sustentável dos trabalhadores dos assentamentos. Este ano, a Jornada Nacional de Lutas em Defesa da Reforma Agrária tem como tema "Ocupar para o Brasil Alimentar", mobilizando mais de 20 mil famílias Sem Terra em todo o país.

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