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Cinco migrantes morrem ao tentar cruzar o Canal da Mancha para o Reino Unido

Barco superlotado transportava 112 pessoas, incluindo uma criança

Por Redação com Agência Reuters 23/04/2024 15h03
Cinco migrantes morrem ao tentar cruzar o Canal da Mancha para o Reino Unido
Foto: Toby Melville / Agência Reuters

Cinco migrantes, incluindo uma criança, morreram nesta terça-feira enquanto tentavam cruzar o Canal da Mancha em direção ao Reino Unido em um barco pequeno e superlotado. As mortes ocorreram pouco depois de o Reino Unido aprovar um projeto de lei para deportar requerentes de asilo para Ruanda, numa tentativa de dissuadir viagens perigosas pelo canal.

O barco transportava 112 pessoas quando partiu para cruzar uma das rotas marítimas mais movimentadas do mundo, mas o pânico tomou conta dos passageiros a uma curta distância da costa francesa.

As equipes de resgate conseguiram salvar 49 pessoas, quatro das quais foram levadas ao hospital, mas outras ainda permaneceram a bordo, determinadas a chegar ao Reino Unido. A guarda costeira francesa continuava procurando por sobreviventes.

"Uma tragédia ocorreu em um barco sobrecarregado de migrantes esta manhã. Lamentamos a morte de cinco pessoas, uma menina de sete anos, uma mulher e três homens", disse o prefeito local, Jacques Billant.

De acordo com Billant, "o motor parou a algumas centenas de metros da costa e várias pessoas caíram na água". Ele acrescentou que 58 pessoas continuaram a bordo e que "não queriam ser resgatadas, conseguiram religar o motor e seguiram em direção ao Reino Unido".

O barco partiu de Wimereux, cerca de 32 km a sudoeste do porto francês de Calais. Mais de 6 mil pessoas chegaram ao Reino Unido este ano em barcos pequenos e sobrecarregados, normalmente frágeis botes infláveis, enfrentando condições perigosas enquanto tentavam chegar à costa britânica.

Desde 2018, dezenas de milhares de pessoas fizeram a travessia do Canal da Mancha. O Reino Unido tentou implementar uma política polêmica para enviar requerentes de asilo para Ruanda, a fim de dissuadir viagens perigosas. Após dois anos de oposição, o parlamento britânico aprovou a legislação para permitir as deportações, com planos para iniciar os voos dentro de 10 a 12 semanas, embora a decisão ainda possa enfrentar contestações legais.

Grupos de direitos humanos e ativistas criticaram a política, considerando-a desumana. O primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, defendeu a decisão, afirmando que o governo estava agindo com compaixão para evitar que os contrabandistas colocassem pessoas vulneráveis em risco.

"Os contrabandistas estão colocando cada vez mais pessoas nesses botes impróprios para navegar", disse Sunak. "Isso é o que tragicamente acontece."

Barcos da força de fronteira britânica foram vistos chegando a Dover, no sul da Inglaterra, na terça-feira, com grandes grupos de migrantes. Uma testemunha estimou que cerca de 200 pessoas, supostamente migrantes, desembarcaram em Dover.

Não está claro se os migrantes do barco envolvido no incidente de Wimereux estavam entre eles.

De acordo com o esquema de deportações para Ruanda, qualquer pessoa que chegue ilegalmente ao Reino Unido após 1º de janeiro de 2022 será enviada para Ruanda, a cerca de 6.400 km de distância. Desde então, mais de 50 mil pessoas chegaram ao Reino Unido.

Ativistas argumentam que políticas de dissuasão não serão eficazes. "Quando você está tentando salvar sua vida, nem mesmo o risco de morte pode impedi-lo de buscar segurança", afirmou Kolbassia Haoussou, do grupo Freedom from Torture.

O prefeito de Wimereux, Jean-Luc Dubaele, disse que os migrantes ainda podem encontrar empregos no Reino Unido, tornando-o um destino atraente.

O primeiro voo de deportação para Ruanda, planejado para junho de 2022, foi bloqueado por juízes europeus, e o Supremo Tribunal britânico manteve uma decisão de que o esquema era ilegal porque os migrantes corriam o risco de serem devolvidos a seus países de origem ou a outros onde enfrentariam maus-tratos.

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