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Celebrado por Lula, Mais Médicos era regime de escravidão
A ditadura cubana confiscava 70% dos salários dos profissionais de saúde enviados ao Brasil
Maireilys saiu da região central de Cuba para trabalhar no Nordeste brasileiro | Foto: Divulgação/Arquivo pessoal
Em debate promovido nesta sexta-feira, 28, pela TV Globo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que o Programa Mais Médicos, instituído em 2013 pela ex-presidente Dilma Rousseff (PT), é uma das iniciativas políticas mais celebradas no mundo. “Foi um dos programas mais exitosos da história deste país”, disse o petista. “Foi elogiado pelo Barack Obama e pelo George Bush.”
Reportagem publicada na Edição 111 da Revista Oeste mostra que ninguém foi tão favorecido pelo Mais Médicos quanto a casta política cubana. Isso porque, segundo o acordo intermediado pela Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), a ditadura instalada em Cuba tinha o direito de embolsar 70% do salário dos médicos, estimado em R$ 12 mil. Outros 25% ficavam com quem trabalhava de fato, enquanto 5% pertenciam à Opas.
Enviar médicos para o exterior não era apenas uma maneira de o governo cubano ganhar dinheiro. Era também uma estratégia de propaganda. Havana pretendia vender para o mundo a imagem de potência médica.
Quando chegou ao Brasil, em outubro de 2013, a médica cubana Maireilys Álvarez Rodríguez, 49 anos, não tinha conhecimento sobre os termos estabelecidos no contrato assinado entre Dilma Rousseff e Raúl Castro. “Não sabíamos quanto seria nosso salário”, disse. “Descobrimos quando já estávamos em território brasileiro, por meio do noticiário.”
Eventuais protestos em favor de uma valorização salarial eram reprimidos pelo coordenador estadual dos médicos cubanos. Esse profissional, escolhido a dedo pela ditadura comunista, era responsável por vigiar, controlar os colegas e produzir relatórios detalhados sobre a rotina dos trabalhos.
Mas não era só isso. Inicialmente, o Partido Comunista também impediu os médicos cubanos de trazerem seus familiares para o Brasil. A razão: chantageá-los caso tentassem pedir asilo político. “Diziam que, se fizéssemos algo errado, nossos parentes sofreriam as consequências”, explicou Maireilys.
Depois de passar 45 dias em Brasília, onde concluiu um curso preparatório do Sistema Único de Saúde (SUS), Maireilys foi selecionada para trabalhar num pequeno posto de saúde localizado no município de Santa Rita, no Estado do Maranhão. Durante parte do período em que permaneceu na cidade de 35 mil habitantes, a médica compartilhou uma residência com outros dez colegas de profissão. “Não nos permitiam alugar uma casa por contra própria”, disse. “Éramos obrigados a permanecer no lugar que havia sido determinado pela ditadura.”
*Revista Oeste
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