As águas dos oceanos ao redor do planeta estão mais quentes e isso deve causar perturbações atmosféricas que trarão chuvas abaixo da média e temperaturas elevadas em praticamente todo o país durante o próximo mês. Normalmente, setembro marca o retorno das chuvas em grande parte do Brasil, mas este ano a realidade será diferente: um clima mais seco e mais quente está previsto.

Em agosto de 2024, algumas regiões como o centro e o sul do Rio Grande do Sul e do Pará registraram chuvas acima da média. No entanto, em praticamente todas as outras áreas do Brasil, especialmente na Amazônia e nos outros estados do Sul, a quantidade de chuva foi significativamente menor do que o esperado para esta época do ano.

Chuvas Abaixo da Média e Calor Intenso em Setembro

Todo o Brasil deve enfrentar um setembro com chuvas abaixo da média. Ao mesmo tempo, as temperaturas continuam elevadas, com registros de até 5°C acima da média em grande parte do Centro-Oeste. Esse cenário é extremamente preocupante, agravando ainda mais a situação de seca e a ocorrência de queimadas em várias regiões.

Setembro marca o início da primavera no Hemisfério Sul e, geralmente, traz chuvas mais frequentes e bem distribuídas no Brasil Central, além da diminuição da intensidade das massas de ar frio. No entanto, este ano, as previsões do Copernicus Climate Change Service indicam um mês mais seco em todo o país.

Por Que o Brasil Estará Mais Quente e Seco em Setembro?

A região central do Brasil aguarda ansiosamente o início da estação chuvosa, porém as previsões não são animadoras. Modelos climáticos como o do Copernicus Climate Change Service e o norte-americano indicam que o leste da Amazônia será a região mais afetada pela falta de chuva. Toda a região Sul também enfrentará uma quantidade de chuva inferior à média.

Os modelos climáticos mostram uma redução das chuvas acompanhada de altas temperaturas, principalmente no Centro-Oeste brasileiro. Mesmo as regiões Sul e Nordeste devem registrar temperaturas acima da média, embora não tão extremas quanto na região central do país.

O modelo ECMWF prevê apenas uma massa de ar frio relevante para atuar na última semana de setembro (entre 23 e 30), mas ela só deve amenizar as temperaturas na região Sul, sem trazer muita chuva. A principal causa desse fenômeno climático está nas regiões extremamente aquecidas dos oceanos Atlântico Norte e Pacífico.

Centros de monitoramento indicam que muitas oscilações climáticas, como a La Niña, o Dipolo do Índico e a Oscilação de Madden-Julian, estarão próximas da neutralidade no próximo mês. No entanto, o aquecimento não usual dos oceanos Atlântico Norte e Pacífico está impactando diretamente o clima no Brasil.

Estudos mostram que quando o Atlântico Norte está aquecido acima da média, a tendência é uma diminuição das chuvas no Brasil. O monitoramento da NOAA aponta que o Atlântico Norte nunca esteve tão aquecido desde o início das medições em 1854. Além disso, o aquecimento das águas próximas ao norte da Austrália tende a formar um domo de alta pressão sobre o Sudeste do Brasil, impedindo a passagem de frentes frias.

Como o Aquecimento Global Está Moldando Nosso Clima?

Estamos vivendo um momento sem precedentes em termos de aquecimento dos oceanos. Desde 2023, as águas de praticamente todas as bacias oceânicas estão muito mais quentes do que em muitas décadas passadas, afetando diretamente o clima global e, especificamente, o brasileiro.

Tudo indica que setembro de 2024 será um mês que evidenciará claramente a alarmante relação entre o aquecimento dos oceanos e as condições climáticas terrestres. Prepare-se para um período de temperaturas elevadas e pouca chuva em praticamente todo o Brasil.

Essa previsão climática serve como um alerta para as autoridades e a população se prepararem para um mês desafiador quanto à gestão de recursos hídricos e medidas de mitigação de queimadas.