Alagoas

REALIDADES

Quase mil pessoas vivem em situação de rua na capital alagoana

Desilusão amorosa, ausência de vínculo familiar, vício e falta de emprego levam as pessoas a essa condição

Por Luciano Milano 06/08/2022 10h10 - Atualizado em 07/08/2022 09h09
Quase mil pessoas vivem em situação de rua na capital alagoana
Equipes de abordagem da Semas - Foto: Ascom/Semas

Um homem de aproximadamente 50 anos viu o relacionamento que vivia acabar e migrou da Região Norte para Maceió. Na capital alagoana, sem recursos, passou a ser um das quase mil pessoas em situação de rua que vivem na cidade. 

Desilusão amorosa, vício em álcool, drogas, ausência de vínculo familiar e falta ou perda do emprego estão entre as principais causas que levam as pessoas a viverem na rua. Segundo a coordenação de Serviço Especializado e Abordagem Social da Secretaria de Assistência Social de Macieó (Semas), aproximadamente 700 pessoas vivem nessa condição na capital alagoana.

Delas, cerca de 500 não possuem laços familiares, entre 200 e 250 são acompanhadas pelos serviços da Semas e o restante vive em situação de mendicância, que são aqueles que possuem algum tipo de moradia, mas estão nas ruas pedindo para sobreviver.

“Ainda estamos produzindo relatório com os números sobre dos que vivem em situação de rua em Maceió. Fazemos acompanhamento direto com o percentual de pessoas de que falei, de segunda a segunda, diariamente, e há um grupo dessa população que chamamos de sazonal, alguns que aparecem de outros estados, como o homem de 50 anos que acabou o relacionamento e deixou tudo para trás e veio morar aqui, vindo da Região Norte. Já tivemos que levar de volta para sua cidade uma pessoa de Caruaru, em Pernambuco”, explicou o coordenador de Serviço Especializado e Abordagem Social da Semas, José Erivaldo de Oliveira.

Doenças e mortes


Entre os moradores de rua de Maceió, DSTs (Doenças Sexualmente Transmissíveis) e pneumonia e, mais recentemente, a covid-19 são as doenças que mais matam no dia a dia duro de viver sem teto, sem alimentação correta e exposto a vícios e violência, violência que, inclusive, também é causa de óbitos entre a população de rua, como explica o coordenador.

“Somente este ano, foram registradas três mortes as pessoas em situação de rua, duas de forma violenta e uma de covid-19. Pneumonia e DSTs também fazem parte das doenças que mais os acometem pela exposição que sofrem na rua”, revelou José Oliveira.

Para tentar diminuir os danos causados na vida desses indivíduos, a Semas oferece (àqueles que desejam porque nem sempre aceitam o acolhimento) atendimento médico multidisciplinar, incluído psicológico.

“Na Semas, atendemos e também tentamos resolver problemas como documentação, porque a maioria não possui, e habitação, que são demandas encaminhadas para as respectivas secretarias que lidam com os assuntos. Temos equipe com o serviço social e parte médica”, disse Oliveira.

Casa de Passagem Jaraguá


Com capacidade para abrigar em média 700 pessoas e convênio com a Prefeitura de Maceió, a Casa de Passagem São Vicente de Paulo, em Jaraguá, hoje conta cerca de 300 pessoas em vulnerabilidade social, muitos deles pessoas em situação de rua e com alguma espécie de vício em álcool e droga. Lá, as regras, naturalmente, proíbem o uso de entorpecentes e álcool.

“Muitos dos moradores da Casa de Passagem em Jaraguá são pessoas em situação de rua, sem os laços familiares, e com algum tipo de vício. Por isso, as regras são rígidas e, ao mesmo tempo, procuramos, como parte do tratamento de desintoxicação, coloca-los em contato com atividades lúdicas e sociais, também psicológica e médica. Mas só permanece na Casa de Passagem quem aceita o tratamento. Há alguns, infelizmente, que possuem dificuldade de se livrar dos vícios e abandonam o local e os cuidados”, destacou José Oliveira, ressaltando como ponto importante o fato de o convênio entre Prefeitura e o abrigo ser renovado a cada seis meses.

“Isso mantém a continuidade do serviço prestado”, finalizou José Oliveira.

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