Alagoas

FESTAS JUNINAS

Cirurgião do HGE faz apelo para população evitar brincadeiras com fogos

Por Redação com assessoria 09/06/2023 17h05 - Atualizado em 09/06/2023 19h07
Cirurgião do HGE faz apelo para população evitar brincadeiras com fogos
Kauane abriu uma bomba, riscou um fósforo e não percebeu que ainda tinha pólvora em sua mão

Para muitos, junho é o melhor mês do ano. Ele lembra festas, fogueira e fogos de artifício. E é aí que mora o perigo, principalmente para as crianças. Para o cirurgião plástico Fernando Gomes, que atua no Hospital Geral do Estado (HGE), em Maceió, o melhor é não estimular a brincadeira com o fogo entre a meninada.

Kauane da Silva, de 8 anos, brincava com seus colegas em Japaratinga, distante cerca de 120 km de Maceió, com as bombinhas compradas pelo pai. Ela deu uma delas para um amigo soltar, mas terminou se queimando. “Eu achei que falhou, então fui até a bomba e peguei. Daí eu a abri, tirei a pólvora, mas ela ficou na minha mão. Quando eu fui acender o fósforo, a minha mão pegou fogo. Eu gritei muito! O meu pai veio correndo, me levou para o posto da cidade, que me encaminhou para Porto Calvo, que me transferiu para cá [o HGE]”, contou a menor, durante o internamento no Centro de Tratamento de Queimados (CTQ).

Sua mãe, Caroline Maria Santos da Silva, de 27 anos, afirmou que o susto foi horrível. Ela ficou com medo da filha perder a mão esquerda. Quando chegou ao HGE, soube que a garota estava com queimaduras de segundo grau e precisa do internamento para o uso de medicamentos, procedimento cirúrgico e curativos especiais. Ela afirma que a sensação de diversão não compensa toda a dor causada pelo acidente com os fogos.

“Foi um momento de tensão, de medo, de angústia. Apesar de eu ver que ela está tendo um excelente atendimento, continuamos preocupados e fragilizados quando a vemos chorando, não querendo mais ser furada, sentindo dores, querendo voltar para casa e não poder. Por isso, aconselho a todos os pais que não deixem os seus filhos brincarem com bombas, tem muitas outras formas de diversão”, disse a mãe da criança.

Orientações


O cirurgião plástico lembra que, após sofrer qualquer tipo de queimadura, o melhor é lavar a parte do corpo atingida com água potável fria corrente por cerca de 10 minutos. Não é recomendável utilizar água gelada, tampouco o gelo, pois a região fica extremamente sensível e isso também pode causar mais irritação ou favorecer o desenvolvimento de infecção. Não se deve usar pó de café, pasta de dente, manteiga ou qualquer outro produto caseiro.


“Um dos grandes desafios no tratamento da queimadura é conter o risco de infecções, pois ela causa uma abertura que favorece a contaminação por agentes nocivos, como fungos e bactérias. Por isso é importante utilizar água potável de início para que a queimadura não continue a atingir camadas mais profundas da pele e logo em seguida procurar o atendimento médico especializado, que pode ser por meio das unidades de urgência e emergência, ou com a ajuda do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência)”, orientou Fernando Gomes.

O Ministério da Saúde define queimadura como toda lesão provocada pelo contato direto com alguma fonte de calor ou frio, produtos químicos, corrente elétrica, radiação, ou mesmo alguns animais e plantas (como larvas, água-viva, urtiga), entre outros. Se a queimadura atingir 10% do corpo de uma criança, ela corre sério risco. Já em adultos, o risco existe se a área atingida for superior a 15%.

“É de primeiro grau quando lesiona as camadas superficiais da pele, apresentam vermelhidão, inchaço e dor local suportável, sem a formação de bolhas; de segundo grau quando alcançam as camadas mais profundas da pele, nesse caso apresentam bolhas, pele avermelhada, manchada ou com coloração variável, dor, inchaço, desprendimento de camadas da pele e possível estado de choque – elas acometem toda a derme; as de terceiro grau são quando atingem todas as camadas da pele, podendo chegar aos ossos”, explicou o especialista.

O tratamento de uma pessoa com queimadura depende do comprometimento e de todo o quadro clínico do paciente. Em todos eles, a dor e o longo período de recuperação são as principais queixas. Também é importante considerar o grande risco de sequelas, cicatrizes e óbito.

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