Os designers Sérgio Matos e Flávia Aranha participaram nesta quarta-feira (13), na sede do Sebrae Alagoas, do Seminário Artesanato em suas Várias Faces. Eles falaram para um auditório lotado sobre suas vivências com comunidades de artesãos de todo país e como a produção artesanal, focada na identidade local, contribui para o desenvolvimento econômico regional e, consequentemente, para a melhoria da qualidade de vida das pessoas.

“O interesse de designers e artesãos pelo evento demonstra a potência estratégica do segmento na economia de um estado como Alagoas. O Sebrae tem como propósito facilitar essa troca de experiências, que ampliam o repertório de todos, público e palestrantes. Escolhemos a Flávia e o Sérgio pelo trabalho relevante deles nessa mistura entre moda, design e artesanato”, afirma Marina Gatto, gestora de Artesanato do Sebrae.

A abertura do evento contou com a participação da diretora de Administração e Finanças do Sebrae Alagoas, Juliana Almeida. Ela saudou os convidados e os participantes ressaltando o papel do Sebrae na construção dessas pontes, entre a criatividade de artesãos com grandes nomes do design nacional e internacional. “Quero também aproveitar para lançar um desafio ao Sérgio Matos, que acabou de fazer um emocionante relato sobre sua relação com as comunidades tradicionais: queremos convidá-lo para conhecer uma das 76 comunidades quilombolas que existem em Alagoas, para que ele conheça a potência da nossa cultura”, provocou a diretora.

O designer de produtos, que tem um trabalho de destaque com populações indígenas da região Amazônica, agradeceu o convite e topou o desafio. “Além de desenvolver meus produtos, a parte favorita do meu trabalho é aplicar consultorias em comunidades artesãs no Brasil todo, que é onde mais aprendo”, destacou.

Segundo ele, o Sebrae sempre foi um grande parceiro nessas incursões pelo país. “A instituição é uma das grandes responsáveis por mover toda a área do artesanato, então, poder contribuir com isso é extremamente importante, principalmente num estado como Alagoas que carrega uma identidade tão forte. O artesanato é a maneira pela qual transformamos essa identidade local em obras feitas à mão, e arte manual alagoana é conhecida no Brasil e no mundo por sua riqueza”, completou.

Flávia Aranha, que conhece de perto a produção artesanal do Estado falou da importância da troca de informações e também de formação de uma cultura empreendedora entre as comunidades tradicionais. “O artesanato e o empreendedorismo precisam estar entrelaçados. Durante meus 15 anos de trajetória, o que mais percebi foram as dificuldades dos artesãos de terem conhecimento de gestão, empreendedorismo, e é muito importante que o Sebrae dê esse espaço e visibilidade para projetos e ideias que possam fazer diferença na vida das pessoas”, afirma.

Segundo a designer de moda, que também é empresária em São Paulo, o segmento apresenta inúmeros desafios, mas com apoio institucional pode avançar nas possíveis soluções. “A pauta de empreendedorismo feminino é uma das mais importantes, na minha opinião e o Sebrae é essencial para fomentar os grupos de mulheres artesãs, dar estrutura, ouvir, entender o que elas precisam e usar a potência da arte e do trabalho delas para gerar autonomia, segurança, resgatar a autoestima e reconhecer o valor de suas próprias identidades”, completa.

Para Flávia Aranha quando as pessoas começam a trabalhar com a criatividade, artesanato, beleza, arte, moda, é muito estimulante, mas a minha motivação para enfrentar os problemas que surgem é ver os casos que deram certo e a potência disso nesses grupos. Poder ver quanta biodiversidade, quantas mulheres e quantas redes de cooperativas ainda existem e precisam desse espaço, dessa luta, dessa voz. Isso me motiva a continuar, ver esses frutos prosperando”, conclui.