O Senado dos Estados Unidos, liderado pelos democratas, deu o sinal verde nesta terça-feira para um pacote de ajuda de 95,34 bilhões de dólares destinado a Ucrânia, Israel e Taiwan. No entanto, o futuro da legislação na Câmara dos Deputados, controlada pelos republicanos, permanece incerto.

A votação, com uma margem de 70-29, superou o limite de 60 votos necessários para aprovação, direcionando o projeto para a Câmara. Vinte e dois republicanos se juntaram à maioria dos democratas para apoiar a medida. O líder da maioria no Senado, Chuck Schumer, enfatizou a significância do projeto, destacando seu impacto na segurança nacional e na democracia ocidental.

O financiamento é visto como crucial pela liderança ucraniana enquanto o país enfrenta ataques russos. O presidente Joe Biden, que pressiona pelo pacote há meses, encontrou resistência, principalmente na Câmara controlada pelos republicanos.

A votação no Senado ocorreu antes do amanhecer, após discursos noturnos de oito oponentes republicanos linha-dura à ajuda à Ucrânia. O pacote abrange também fundos para Israel, ajuda humanitária aos palestinos em Gaza e defesa de Taiwan.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, saudou a aprovação do projeto, enfatizando que a assistência americana contribui para a paz e estabilidade global.

O destino do projeto na Câmara, liderada pelo republicano Mike Johnson, permanece incerto. Johnson criticou o projeto pela falta de disposições conservadoras para conter a imigração na fronteira EUA-México. O projeto precisa da aprovação de ambas as casas do Congresso antes de Biden poder sancioná-lo.

Xadrez político: a intervenção EUA

O envolvimento dos EUA em mudanças de regime é um capítulo complexo, marcado por ações abertas e dissimuladas, visando alterar, substituir ou preservar governos estrangeiros. A história desse envolvimento remonta à segunda metade do século XIX, quando o governo dos Estados Unidos iniciou ações significativas para a mudança de regime, com foco especial na América Latina e no sudoeste do Pacífico.

As guerras mexicano-americanas, hispano-americanas e filipino-americanas foram marcos desse período, evidenciando o papel dos Estados Unidos na geopolítica regional. No início do século XX, essa intervenção se expandiu globalmente, com o desenvolvimento ou instalação de governos amigos em diversos países ao redor do mundo.

Entre os exemplos notáveis, encontram-se os países vizinhos como Panamá, Honduras, Nicarágua, México, Haiti e República Dominicana, nos quais os Estados Unidos desempenharam papéis influentes na definição de seus rumos políticos. Esses episódios históricos moldaram não apenas as relações entre os Estados Unidos e essas nações, mas também tiveram impactos duradouros nas dinâmicas geopolíticas globais.

Ao analisar o atual pacote de ajuda para Ucrânia, Israel e Taiwan, é inevitável relacioná-lo com esse histórico, considerando as complexas dinâmicas das relações internacionais e os interesses econômicos e políticos dos EUA no cenário mundial.