Em uma coletiva virtual realizada nesta terça-feira (23), a Vice-Secretária americana de Estado no Bureau de Democracia, Direitos Humanos e Trabalho, Nicole Chulick, destacou as preocupações e esforços dos Estados Unidos em relação às deportações ilegais de mais de 19 mil crianças ucranianas. Chulick, responsável pelos escritórios de Europa, Ásia do Sul e Ásia Central, revelou informações sobre o sistema russo de transferências forçadas e deportações de crianças ucranianas e delineou as medidas tomadas para localizar e repatriar essa população.

Dano às Crianças Ucranianas:
"À medida que completamos 2 anos desde a invasão em larga escala da Rússia à Ucrânia, lembramos das perdas incalculáveis sofridas pela Ucrânia."

Chulick ressaltou a urgência de discutir o "dano enfrentado pela população mais vulnerável da Ucrânia", destacando o impacto direto nas crianças devido ao sistema de transferência forçada e deportação da Rússia.

Decisões Difíceis para os Pais:
"A guerra da Rússia obrigou muitos pais na linha de frente na Ucrânia a enfrentar uma decisão impossível."

A Vice-Secretária detalhou como pais na Ucrânia se veem diante de escolhas impossíveis, entre manter a família unida sob risco de ataques russos ou concordar em enviar seus filhos para os chamados 'acampamentos de verão' na Rússia ou na Crimeia ocupada.

Legislação do Kremlin:
"Logo após o início de sua invasão em larga escala, o Kremlin promulgou legislação."

Chulick denunciou as ações do Kremlin, que promulgou leis para realocar crianças ucranianas para a Rússia, concedendo-lhes cidadania russa com procedimento acelerado. Putin incentivou líderes regionais russos a patrocinar esses 'acampamentos de verão'.

Facilitação do Sistema pelas Autoridades Russas:
"Sabemos que autoridades russas em todos os níveis facilitaram esse sistema."

A Vice-Secretária apontou a facilitação do sistema por autoridades russas em diversas instâncias, desde Putin até autoridades em áreas ocupadas pela Rússia e chefes de orfanatos.

Barreiras e Recusa de Retorno:
"As autoridades russas criaram inúmeras barreiras para o retorno das crianças da Ucrânia."

Chulick destacou as barreiras impostas pelas autoridades russas, incluindo a recusa em responder a pedidos de informações do governo da Ucrânia e rejeição de ofertas de organizações humanitárias.

Casos Específicos e Dificuldades de Retorno:
"A Rússia re-alocou instituições e temporariamente ocupou a Ucrânia. Apenas uma pequena fração, cerca de 400, foram devolvidas."

A entrevistada compartilhou casos específicos, como o de Margarita, uma criança de 10 meses levada para a Rússia, revelando a dificuldade de retorno dessas crianças, muitas das quais não são órfãs.

Negativa de Retorno e Repercussões:
"Margarita não era órfã. Ela tem uma família que está lutando para tê-la de volta, mas a Rússia se recusou."

Chulick lamentou as negativas de retorno e enfatizou que a história de Margarita não é única, mencionando outros grupos de crianças enviadas para a Crimeia ocupada pela Rússia.

Sistema Russo e Repressão à Identidade Ucraniana:
"Sabemos que o sistema russo de transferências forçadas e deportações faz parte de uma longa história do Kremlin buscando negar e reprimir a identidade nacional ucraniana."

A Vice-Secretária contextualizou o sistema russo como parte de uma longa história de repressão à identidade ucraniana, destacando a busca do Kremlin por russificar a Ucrânia.

Compromisso dos EUA e Conclusão:
"Encerrar essas práticas é uma prioridade máxima dos Estados Unidos, com esse compromisso indo até o presidente Biden."

Chulick reiterou o compromisso dos EUA em lidar com as deportações ilegais, promover a responsabilização e fornecer assistência humanitária, enfatizando que esse compromisso vai até o mais alto escalão do governo.

Ações dos EUA e Compromisso com a Justiça:
"Continuaremos a apoiar a documentação dos atos atrozes da Rússia, como fizemos através de nosso apoio à Comissão de Inquérito da ONU e missões de especialistas."

Chulick destacou as ações em curso dos EUA, incluindo apoio à documentação de atrocidades e missões de especialistas para investigação.

O Em Tempo Notícia questionou a vice-secretária se o governo americano está buscando cooperação internacional para lidar com as deportações ilegais das crianças, sobre quais iniciativas estão em andamento, se há alguma ação humanitária específica a ser tomada e como o governo americano avalia o risco de sua intervenção, dado o atual contexto, numa possível escalada do conflito na região.

Chulick respondeu que referente a assitência humanitária "já estamos trabalhando internacionalmente em colaboração com organizações locais e nacionais para fornecer assistência humanitária à Ucrânia."
"Em 2023, nossa assistência total à Ucrânia foi de 2,9 bilhões, com uma parte significativa dedicada à assistência humanitária."

Nicole enfatizou o compromisso dos Estados Unidos em fornecer assistência humanitária à Ucrânia, destacando a colaboração com organizações locais e nacionais. Em 2023, o montante de 2,9 bilhões destinado à Ucrânia reflete a importância atribuída à resposta humanitária.

Combate ao Sistema de Transferências e Deportações Forçadas:
"Apoiamos relatórios e investigações através do Conflict Observatory, incluindo o laboratório de pesquisa humanitária da Yele, que publicou o relatório definitivo sobre o sistema de transferência forçada e deportação da Rússia."
"Criamos e renovamos a Comissão de Inquérito da ONU sobre a Ucrânia."
"Invocamos o Mecanismo de Moscou da OSCE em cooperação com aliados e parceiros."

A Vice-Secretária destacou a abordagem multifacetada na resposta aos abusos russos, mencionando o apoio a relatórios detalhados do Conflict Observatory e a renovação da Comissão de Inquérito da ONU. A invocação do Mecanismo de Moscou da OSCE em colaboração com aliados e parceiros demonstra uma resposta internacional coordenada.

Responsabilização e Apoio a Investigação:
"Estamos apoiando a responsabilização através do escritório do procurador-geral da Ucrânia e do Atrocity Crimes Advisory Group, uma iniciativa da União Europeia, EUA e Reino Unido."
"Levantamos a questão em fóruns multilaterais, incluindo o Conselho de Segurança da ONU, a Assembleia Geral, o Conselho de Direitos Humanos e o Conselho Permanente da OSCE."

Chulick enfatizou o compromisso com a responsabilização, mencionando o apoio ao escritório do procurador-geral da Ucrânia e a participação no Atrocity Crimes Advisory Group. A Vice-Secretária evidenciou ainda que a questão é levantada em diversos fóruns multilaterais, demonstrando a preocupação global com o tema.

Apoio à Sociedade Civil:
"Apoiamos organizações da sociedade civil ucraniana que documentam e expõem o sistema de transferência forçada e deportação de crianças pela Rússia."

Chulick destacou o papel fundamental das organizações da sociedade civil ucraniana no documentação e exposição do sistema de transferência forçada e deportação de crianças, evidenciando o apoio contínuo a essas iniciativas.

Sanções e Restrições de Visto:
"Buscamos sanções e restrições de visto como medida para promover a responsabilização dos perpetradores envolvidos no sistema de deportações."
"Essas ações demonstram nosso compromisso em lidar com as deportações ilegais, promover a responsabilização e fornecer assistência humanitária essencial."

A Vice-Secretária concluiu destacando as medidas de sanções e restrições de visto como parte do compromisso em enfrentar as deportações ilegais, promover a responsabilização e oferecer assistência humanitária essencial à Ucrânia. Essas ações demonstram uma postura assertiva na busca por justiça e apoio à população afetada" concluiu.