Elon Musk, CEO da Tesla, viajou a Pequim para discutir o potencial lançamento de seu sistema de direção autônoma "Full Self-Driving" (FSD) na China, o maior mercado automotivo do mundo. Além disso, Musk busca aprovações governamentais para transferências internacionais de dados da Tesla para treinamento de sistemas de condução autônoma.

Caso a Tesla consiga lançar o FSD na China, isso impulsionaria os esforços a longo prazo da empresa para produzir veículos totalmente autônomos e entraria em uma corrida global para liderar o segmento de veículos autônomos.

A Tesla enfrenta concorrentes locais poderosos, como a BYD, a maior fabricante de veículos elétricos da China, e a Huawei, que está emergindo como uma campeã nacional de tecnologia. Essas empresas já lançaram sistemas de assistência ao motorista capazes de navegar em paisagens urbanas densas da China.

Concorrência e inovação

A introdução de um sistema de direção autônoma de alto nível pela Tesla na China pressionaria outras empresas a acelerar suas pesquisas e desenvolvimento. Esse cenário é semelhante ao que ocorreu com os veículos elétricos quando a Tesla abriu uma fábrica em Xangai em 2018, levando as montadoras locais a aumentarem sua competitividade.

A estratégia da Tesla é fundamentalmente baseada em coletar dados de sua ampla frota de veículos em circulação global, o que lhe permite avançar em tecnologias autônomas. No entanto, de acordo com as regras de segurança de dados chinesas, a empresa enfrenta restrições sobre a transferência de dados para fora do país sem aprovações governamentais.

Durante sua viagem a Pequim, Musk buscou garantias sobre o uso de dados para treinamento de sua tecnologia de direção autônoma fora da China. Embora não esteja claro o progresso que Musk fez nas conversas com autoridades chinesas, houve sinais de que a Tesla está mais próxima de entregar o FSD na China.

Impacto na indústria

Especialistas avaliam que a chegada do FSD na China poderia acelerar a corrida para desenvolver veículos autônomos em um ambiente já altamente competitivo. "Seria o 'efeito bagre' para a segunda metade do jogo", comentou Yale Zhang, diretor-gerente da consultoria Automotive Foresight.

A Tesla enfrenta desafios regulatórios na China, especialmente em relação à privacidade de dados, mas já obteve apoio do grupo da indústria automobilística chinesa, que afirmou que os modelos mais vendidos da Tesla cumprem as regulamentações locais.

Se a Tesla conseguir lançar o FSD na China, isso abriria uma nova fonte de receita em um momento em que as vendas e os preços de seus veículos elétricos estão sob intensa pressão de rivais chineses. Essa iniciativa também pode influenciar a batalha por "VEs inteligentes" em mercados internacionais.

O CEO da Xpeng Motors, He Xiaopeng, disse em comunicado no LinkedIn que a ação da Tesla pode intensificar a batalha pelo domínio dos "VEs inteligentes" globalmente. "A China não será o único campo de batalha. É fundamental que a indústria de tecnologia autônoma da China comece a deixar sua marca nos mercados internacionais fora de seu próprio território", concluiu He.