Thiago Ferrari, 35 anos, o homem que foi preso em flagrante, no último sábado (24), em Fortaleza, suspeito de ter cometido pelo menos sete crimes de estup                                                                  ro contra mulheres só neste mês de fevereiro, incluindo uma mãe e a filha dela, se autodeclara figura pública e influenciador de turismo e vida fitness.

Com mais de 90,1 mil seguidores, o perfil do suspeito no Instagram foi apagado logo após o caso vir a público, nessa segunda-feira (26). No entanto, na biografia da página, ele comunicava aos seguidores ser casado e prometia publicações com "o que o Ceará tem de bom". Além disso, dizia que "treinar faz bem para o corpo".

A foto do perfil mostrava o suspeito, um homem branco, usando camisa de botão branca, óculos escuros e um relógio dourado, grande. O cabelo estava penteado de lado e sua expressão era séria. Ao fundo, uma imagem artificial de praia dava o tom pretendido para a rede social.

Já em outras redes, como TikTok e YouTube, por exemplo, Thiago não tem tanto público. Na primeira, até esta terça-feira (27), ele é seguido por 71 perfis. E, na segunda, apenas 12 pessoas se inscreveram para receber atualizações do canal — que conta com 16 vídeos, no total.

Nas imagens compartilhadas por ele no YouTube, o foco são "dancinhas", frases motivacionais e turismo. Em um dos vídeos, ele chega a mostrar uma mulher e uma adolescente, que chama de "minha família", mas não há mais informações sobre elas.

No YouTube, Thiago compartilha vídeos com dancinhas e dicas de turismo no Ceará
Foto: Reprodução/YouTube


Em outras imagens, porém, datadas de dois anos atrás, o suspeito compartilha dicas de restaurantes na praia de Cumbuco, em Caucaia, na Região Metropolitana de Fortaleza — uma das localidades em que se sabe que ele cometeu crimes. "Cumbuco dando uma volta de cavalo venha conhecê é lindo de verdade.caucaia [sic]", escreveu ele na legenda de um dos vídeos. Além desse, há outros indicando pontos gastronômicos nas praias de Jericoacoara, em Jijoca de Jericoacoara, e Mundaú, em Trairi.

ESTUPROS EM SÉRIE

Thiago Ferrari foi preso em flagrante no último sábado, em Fortaleza. Ele foi descoberto após uma das vítimas registrar o crime, que teria sido cometido no último dia 18, no bairro Itaoca, na Capital. Segundo a Polícia, o estupro nessa data teria sido cometido contra mãe e filha.

A Polícia Civil detalhou ainda que, embora as vítimas fossem escolhidas aleatoriamente, o modus operandi do investigado era o mesmo: ele observava a vítima, a abordava e a obrigava a entrar em sua própria casa, onde cometia os crimes sexuais, geralmente na frente de familiares.

"Geralmente, [as vítimas eram abordadas] próximo às residências, quando estavam entrando. Ele mostrava uma arma de fogo, dizia que era integrante de facção criminosa, colocava a vítima para dentro e praticava os diversos estupros", contou, nessa segunda-feira, o titular do 5º Distrito Policial, o delegado Valdir Passos, que está à frente das investigações.

Além disso, segundo a polícia, Thiago roubava os celulares das vítimas, registrava fotos delas e as coagia para fazerem transferências via Pix, sob ameaça de terem sua intimidade divulgada nas redes sociais. Também descobriu que, para despistar as forças de segurança, Thiago usava diferentes modos de transportes, como bicicletas e carros, e se desfazia dos veículos na tradicional Feira da Parangaba, no bairro homônimo.

Os crimes que os policiais têm conhecimento até então foram cometidos entre 18 e 23 de fevereiro, nos bairros Barra do Ceará, Montese e Itaoca, além da praia de Cumbuco, em Caucaia, e de Tauá, no interior do Estado. As vítimas têm idades variadas entre 15 e 40 anos.

O suspeito, que já responde pelos crimes de estupro, estupro de vulnerável, crime contra a dignidade sexual, violação de domicílio e furto, foi autuado em flagrante por estupro, roubo e extorsão e conduzido à Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Fortaleza. No entanto, as investigações continuam. Há indícios de que pelo menos outras 13 mulheres tenham sido vítimas do homem, incluindo mais adolescentes

*Diário do Nordeste